|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MUNDO GOURMET
O Gato que Ri sobrevive há 50 anos com massas triviais
JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA
Cinquenta anos em São
Paulo não é pouca coisa para um restaurante. Há quem sobreviva, mas são poucos. O Gato
que Ri, por exemplo, foi um dos
que quase pereceram.
Completou meio século no
ano passado até que em forma;
mas há dez anos estava cambaleando. Foi quando encontrou
os novos donos do mesmo grupo que, entre muitos outros negócios, detém a rede Barbacoa,
parte do America, o Pinguim de
Ribeirão Preto e por aí vai (embora eles prefiram sempre esconder que têm tudo isso e seus
funcionários não o confirmem
nem mortos).
E foi então que O Gato que Ri
mudou de cara. Não a cara do
gato, que continua sorridente na
surpreendente foto que antes
ornamentava a fachada da casa e
que agora continua como símbolo no cardápio, na parede, nos
pacotes e impressos do restaurante. Quando os novos donos
assumiram, em 1992, o restaurante já estava sem fôlego, reduzido a uma pizzaria sem maiores
atrativos.
Uma reforma recente deu-lhe
mais élan, sem por isso mudar
muito da atmosfera dos tempos
da fundadora, a imigrante vêneta Amelia Montanari, que fazia
pessoalmente as massas da casa.
Como para realçar sua atual
fase mais arrumada, o Gato, de
seu posto histórico no bravo,
mas alquebrado largo do Arouche, põe-se a cobrar R$ 10,50 por
uma dose de uísque oito anos,
ousadia que muitas casas mais
refinadas dos Jardins procuram
evitar. Já no cardápio não há a
ousadia dos restaurantes mais
modernos. São dezenas de massas com molhos que no entanto
não mudam muito de um formato para o outro.
O molho de tomates frescos é
correto, aromatizado com manjericão, e pode vir com qualquer
das massas, como spaghetti, tagliatelle ou mesmo taglierini negro (com tinta de lula na própria
massa). Há carnes na brasa (picanha), fritas (como o filé à milanesa) e uma opção assada, a
vitela ao forno, macia.
Na seção de peixes aparecem
do nada duas tentativas de modernização: o salmão à meunière com risoto de alho-poró e o
saint-pierre com arroz de castanha-do-pará. Mas quem vai a
esse velho testemunho do centro da cidade de São Paulo contenta-se mesmo com as massas
mais triviais, que de toda forma
não decepcionam.
Cotação: $$ Avaliação: regular
Restaurante: O Gato que Ri
Endereço: largo do Arouche, 37,
Centro, SP, tel. 0/xx/11/221-2577 e 0/
xx/11/3331-0089
Horário: de dom. a qui., das 11h às
24h; sex. e sáb., das 11h à 1h
Ambiente: comprido e fundo, com
toques atuais na decoração
Cozinha: italiana de cantina, sem
surpresas
Quanto: entradas e saladas, de R$ 6 a
R$ 19,50; carnes e aves, de R$ 11,30 a
R$ 39,80; massas, de R$ 11 a R$ 20,60;
pizzas, R$ 11,70 a R$ 21,20
$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42);
$$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima
de R$ 62). Avaliação: excelente ;
ótimo ; bom ; regular (sem estrela); ruim
Texto Anterior: Artigo: Mais do que o básico para a sobremesa Próximo Texto: Cozinha Ilustrada - Brandade de bacalhau Índice
|