São Paulo, quinta-feira, 04 de abril de 2002

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MUNDO GOURMET

O Gato que Ri sobrevive há 50 anos com massas triviais

JOSIMAR MELO
COLUNISTA DA FOLHA

Cinquenta anos em São Paulo não é pouca coisa para um restaurante. Há quem sobreviva, mas são poucos. O Gato que Ri, por exemplo, foi um dos que quase pereceram.
Completou meio século no ano passado até que em forma; mas há dez anos estava cambaleando. Foi quando encontrou os novos donos do mesmo grupo que, entre muitos outros negócios, detém a rede Barbacoa, parte do America, o Pinguim de Ribeirão Preto e por aí vai (embora eles prefiram sempre esconder que têm tudo isso e seus funcionários não o confirmem nem mortos).
E foi então que O Gato que Ri mudou de cara. Não a cara do gato, que continua sorridente na surpreendente foto que antes ornamentava a fachada da casa e que agora continua como símbolo no cardápio, na parede, nos pacotes e impressos do restaurante. Quando os novos donos assumiram, em 1992, o restaurante já estava sem fôlego, reduzido a uma pizzaria sem maiores atrativos.
Uma reforma recente deu-lhe mais élan, sem por isso mudar muito da atmosfera dos tempos da fundadora, a imigrante vêneta Amelia Montanari, que fazia pessoalmente as massas da casa.
Como para realçar sua atual fase mais arrumada, o Gato, de seu posto histórico no bravo, mas alquebrado largo do Arouche, põe-se a cobrar R$ 10,50 por uma dose de uísque oito anos, ousadia que muitas casas mais refinadas dos Jardins procuram evitar. Já no cardápio não há a ousadia dos restaurantes mais modernos. São dezenas de massas com molhos que no entanto não mudam muito de um formato para o outro.
O molho de tomates frescos é correto, aromatizado com manjericão, e pode vir com qualquer das massas, como spaghetti, tagliatelle ou mesmo taglierini negro (com tinta de lula na própria massa). Há carnes na brasa (picanha), fritas (como o filé à milanesa) e uma opção assada, a vitela ao forno, macia.
Na seção de peixes aparecem do nada duas tentativas de modernização: o salmão à meunière com risoto de alho-poró e o saint-pierre com arroz de castanha-do-pará. Mas quem vai a esse velho testemunho do centro da cidade de São Paulo contenta-se mesmo com as massas mais triviais, que de toda forma não decepcionam.

Cotação: $$ Avaliação: regular

Restaurante: O Gato que Ri
Endereço: largo do Arouche, 37, Centro, SP, tel. 0/xx/11/221-2577 e 0/ xx/11/3331-0089
Horário: de dom. a qui., das 11h às 24h; sex. e sáb., das 11h à 1h
Ambiente: comprido e fundo, com toques atuais na decoração
Cozinha: italiana de cantina, sem surpresas
Quanto: entradas e saladas, de R$ 6 a R$ 19,50; carnes e aves, de R$ 11,30 a R$ 39,80; massas, de R$ 11 a R$ 20,60; pizzas, R$ 11,70 a R$ 21,20


$ (até R$ 22); $$ (de R$ 22,01 a R$ 42); $$$ (de R$ 42,01 a R$ 62); $$$$ (acima de R$ 62). Avaliação: excelente    ; ótimo   ; bom  ; regular (sem estrela); ruim  



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