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TEATRO
Cia. do diretor espanhol abre 33º Festival de Londrina
Carles Santos reinventa música de Bach na peça "La Pantera..."
da Reportagem Local
O atraso na chegada das três toneladas de equipamentos cenotécnicos -transportados por navio da
Espanha até o porto de Itajaí
(SC)- mais a burocracia da alfândega marítima (cerca de 24
horas) adiaram de terça para hoje
a estréia da companhia Carles
Santos na abertura do 33º Festival
Internacional de Teatro de Londrina (PR).
Em sua segunda visita ao país (a
primeira foi em 96, no Fiac em
SP), a companhia do músico e
compositor que lhe dá nome traz
"La Pantera Imperial" (97), espetáculo que passou pela programação oficial do Festival de Edimburgo, na Escócia, há dois anos, e
consolidou Santos como um dos
encenadores mais inventivos da
década, apesar da formação iminentemente musical.
Exímio pianista (toca desde os 5
anos), além de autor, diretor e um
dos intérpretes, Santos toma um
dos ícones da música universal, o
compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), para recriá-lo em cena.
"Tiramos Bach do espaço especificamente musical e o levamos
para o território da maquiagem,
do figurino, da luz e da palavra;
para o movimento inevitável, o
jogo do teatro, enfim, para a leitura cênica de um clássico da música", afirma Santos, 60.
Na sua concepção, "La Pantera
Imperial" -título que remete ao
Bösendorfer que toca em cena,
um piano negro de calda longa-
pode ser definida como uma partitura musical "sequenciada no
gesto que ordena seus símbolos".
Santos acredita que a interiorização do processo musical "absorve os conteúdos teatrais e os
converte em condições para serem lidos como literatura musical". No entanto, observa, a música de Bach não ilustra, subtrai ou
condiciona as passagens ou interpretações dos oito atores-dançarinos-cantores.
Todos os personagens recebem
o nome de Johann Nikolaus Forkel (1749-1818), historiador alemão de música e biógrafo de
Bach. O espetáculo presta uma
homenagem a Forkel, o criador
do termo musicologia.
Sobre a linguagem barroca de
"La Pantera Imperial", o escritor
espanhol Manuel Vázquez Montalbán definiu o espetáculo como
um "'Amarcord" desconstrutivo,
sadomasoquista", citando Fellini.
Peça: La Pantera Imperial
Com: Cia. Carles Santos
Quando: hoje, às 19h e 22h
Onde: cine-teatro Ouro Verde (r. Maranhão, 85, Londrina, tel. 0/xx/43/
322-6381)
Quanto: R$ 10
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