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"TÚMULO COM VISTA"
Comédia irregular se perde em ironia fina
CRÍTICO DA FOLHA
"Túmulo com Vista" se
passa em uma minúscula
cidade do minúsculo País de Gales -aquele ponto que, no mapa,
fica "à esquerda da Inglaterra",
como explica uma cartela estampada na tela logo no começo do
filme. Tanta "pequenez" se aplica
também à proposta dessa comédia dirigida por Nick Hurran, despretensiosa e inconseqüente.
Uma das fortes impressões que
"Túmulo com Vista" deixa é que
não existem atores no País de Gales (Anthony Hopkins e Catherine Zeta-Jones, os "nativos" mais
célebres, já saíram de lá há muito). O elenco, forte, responsável
pelos melhores momentos, é todo
importado, com os papéis principais divididos entre os ingleses
Brenda Blethyn e Alfred Molina, o
americano Christopher Walken e
a australiana Naomi Watts.
A estrutura é um mix de pastelão e ironia fina que nem sempre
combina. Brenda Blethyn e Alfred
Molina -ela uma dona-de-casa
frustrada, ele o dono de uma funerária tradicional- são responsáveis pelo lado "classudo" do filme, como o casal de meia-idade
que vive uma paixão de tintas
adolescentes. Já Christopher Walken (com um cabelo cada vez
mais esquisito), como o americano que herda uma funerária e
passa a promover enterros espetaculares, lidera o escracho.
Dividido e extremamente irregular, não chega a ser um filme de
cinema, mas um típico produto
de "conteúdo" audiovisual contemporâneo -ou seja, perfeito
para passar tanto na salinha menor do multiplex como no avião,
sem que nada se perca. Aqui e ali,
promove momentos de genuíno
prazer, e só.
(PEDRO BUTCHER)
Túmulo com Vista
Plots with a View
Direção: Nick Hurran
Produção: EUA/Inglaterra/Alemanha, 2002
Com: Christopher Walken, Alfred Molina
Quando: a partir de hoje no Cinearte e
no Frei Caneca Unibanco Arteplex
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