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"AGORA SEREMOS FELIZES"
Musical revela o gênio do enquadramento Vincente Minelli
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
A melhor análise de "Agora
Seremos Felizes", jóia que
Vincente Minelli dirigiu em 1944,
não está no DVD duplo especial
que sai pela Warner, mas em
"Uma Viagem Pessoal com Martin Scorsese pelo Cinema Americano" (disponível aqui em vídeo).
No capítulo dos musicais, situa
com precisão a importância do
filme na história do gênero: "Pela
primeira vez, um musical trazia
uma história nostálgica de tom
irônico e agridoce, que não tinha
como pano de fundo a Broadway,
e sim uma pequena cidade do
Meio-Oeste na virada do século.
Cantar e dançar passou a ser algo
natural como respirar e falar, e as
canções, por sua vez, avançavam
a ação e revelavam nuanças emocionais dos personagens".
Ainda que repleto de extras, o
DVD oficial do filme, em edição
dupla, não é tão esclarecedor. Liza
Minelli, filha de Judy Garland e de
Vincente Minelli, faz uma breve
apresentação dizendo que esse é
seu trabalho favorito de "mamãe
e papai" -mas não vai muito
além disso. Os dois documentários do segundo disco (um especificamente sobre o filme, o outro
sobre a época de ouro da MGM)
sofrem do mal da "versão oficial".
Ao contrário, por exemplo, dos
making ofs da caixa de "O Poderoso Chefão", que revelam todas
as pressões da Paramount sobre
Francis Ford Coppola, esses não
tocam em questões polêmicas.
Sobretudo nos problemas da turbulenta carreira de Garland, que
emergem de maneira discreta no
extra "Estrelando: Judy Garland".
O melhor é mesmo o filme em
si, o mais revelador do talento de
Minelli, gênio do enquadramento
e da narrativa clássica, que se
apoiou, aqui, em um belíssimo e
suave "technicolor" e no naipe de
canções de Ralph Blaine e Hugh
Martin. O roteiro é inspirado nos
textos autobiográficos de Sally
Benson, publicados na revista
"New Yorker" e alinhados à tradição das crônicas idealizadoras do
cotidiano da classe média americana. A música, de tom ingênuo e
melancólico, serve a esse propósito, com destaque para "The Trolley Song" e "Have Yourself a
Merry Little Christmas".
Apesar da fragilidade dos documentários, os extras trazem raridades como o piloto da série de
TV inspirada no filme (que não
foi adiante) e um curta mostrando Judy Garland ainda criança.
Agora Seremos Felizes
Meet me in St. Louis
Direção: Vincente Minelli
Produção: EUA, 1944
Distribuidora: Warner
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