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RUÍDO
Cantando no chuveiro
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Após reunião de trabalho no
Ministério da Ciência e
Tecnologia na semana passada e
mais duas até o final de julho, ficará definido que tipo de apoio
o governo federal dará ao projeto antipirataria inventado por
Ralf, da dupla Chrystian & Ralf.
Ele patenteou um modelo de
CD com poucas músicas gravadas e ficha técnica impressa no
próprio rótulo, que eliminaria a
necessidade de o disco ter capa
-na prática seria a volta do
"single", formato evitado sistematicamente pela indústria fonográfica brasileira.
Custaria R$ 4 ou menos -e,
segundo Ralf, seria essa a tecnologia que dizimaria a pirataria.
"Um CD nunca estoura inteiro",
argumenta. E se refere indiretamente ao aspecto meio pirata de
seu modelo: "Se ter capa fosse
bom, pirata não vendia xerox".
Ralf festeja a adesão de fábricas e estúdios à sua idéia, mas lamenta a resistência das gravadoras e o desinteresse dos artistas
("Só Paulo Ricardo e Samuel
Rosa se interessaram em ver").
A ABPD, que congrega as gravadoras, participa do grupo de
trabalho no Ministério da Ciência e Tecnologia, a que Ralf chegou intermediado pelo ministro
da Cultura, Gilberto Gil. Mas seu
diretor-geral, Paulo Rosa, se
abstém de avaliar a idéia: "Como o assunto ainda está sendo
discutido no grupo de trabalho,
prefiro não fazer comentários".
Ralf afirma que sua invenção é
movida pelo amor à arte: "Sou
investidor de Alphaville, não
preciso mais cantar, não vivo
disso". Mas se dedica a mais invenções: patenteou um modelo
de chuveiro em módulos, para
que a família toda possa tomar
banho junta. "Com esse invento,
todo o seu jornal pode virar um
grande chuveiro", divulga.
O NÃO-LANÇAMENTO
Antes de mergulhar com
ímpeto excessivo no mar de
teclados sintetizados que ele
mesmo ajudou a inventar,
Guilherme Arantes gozou de
momentos de glória como
cantor, compositor e tecladista, como nesse seu primeiro álbum solo, publicado
em 76 pela Som Livre. Quem
governava então seu mundo
musical era a delicadeza triste e levemente otimista dos
temas de novelas globais
"Meu Mundo e Nada Mais"
e "Cuide-se Bem". A Som Livre já reeditou músicas como essas em coletâneas, mas
tem perdido, além de outras
obscuridades musicais, a
oportunidade de recobrar a
linda imagem do piano perdido no meio da rua na capa
da estréia de Guilherme.
PLANETA SEDNA 1
Começa a funcionar a partir
do Brasil a gravadora virtual
Sedna Records (www.sednarecords.com.br), que
promete "reverter o quadro de
descaso e marginalização do
músico brasileiro". Sua lista de
artistas já inclui Família Lima,
As Meninas e Mário Zan, "o
maior sanfoneiro do Brasil",
mas por enquanto só há duas
músicas disponíveis: "Tudo",
do pop-rock Ginger, e "Garota
Gasosa", do pagodeiro
Motivação. Um dos diretores é
Marcelo Zan, neto de Mário e
filho de Osmar Zan, diretor
artístico da RCA nos anos 70.
PLANETA SEDNA 2
Sair da marginalidade pelo
Sedna tem seu preço. A partir
de 30 de junho, músicos terão
que pagar R$ 160 pelo
cadastramento e R$ 37 de
manutenção a cada três meses
para estar na gravadora. Em
troca, terão faixas em MP3 no
site, blog ligado à página
principal, agenciamento de
shows (com 10% do valor do
cachê revertidos à gravadora)
etc. O consumidor também
terá sua conta: o site promete
disponibilizar discos inteiros,
com capa e ficha técnica, a
preços entre R$ 5 e R$ 7.
psanches@folhasp.com.br
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