Ana Ottoni/Folha Imagem

Interior do restaurante Pier Paolo, que serve comida variada na Vila Madalena

JOSIMAR MELO
Colunista da Folha

Se há algo que não falta na Vila Madalena e imediações são os bares. De todo tamanho e tipo. Até os restaurantes têm que fingir um pouco que são bares, e entre os que o fazem decentemente figura o Pier Paolo.
Não que seja um templo gastronômico, e nem se pretende. Com sua localização esperta (que propiciou até o trocadilho com o nome do cineasta italiano Pier Paolo Pasolini), ele fica instalado no alto, como numa espécie de pier sobre a rua, estimulando o voyeurismo -um clima propício para beber e conversar; portanto, um clima de bar.
Acontece que também comer ali é possível, e sem sacrifícios -uma cozinha variada, com uma larga seção de petiscos de bar, com mais jeito brasileiro, mas globalmente dominada pela influência italiana.
Os petiscos vão dos pastéis (como de carne-seca com Catupiry) à bruschetta (pão italiano coberto com azeite, tomate, orégano). A oferta de sopas é também binacional: pode ser um brodo com cappelletti ou um caldinho de feijão.
As massas frescas são fornecidas pela Canuti. Podem ser spaghettini com frutos do mar, ou então num honesto molho de tomates e carne; panzerotti verde de ricota e espinafre all'amatriciana (molho de tomate, bacon e pimenta -o nome do prato, como sempre, escrito errado no cardápio, como vários outros, aliás: cappelletti, por exemplo, aparece cada vez escrito de um jeito, e nenhum certo...).
A oferta de vinhos é vergonhosa. O negócio é só comer. Quer voltar no tempo? Pode arriscar um estrogonofe com shimeji. Quer lembrar o clima de cantinas? Peça o filé à parmigiana com spaghettini. Apesar de escrito analfabetamente, é feito com coração.

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