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SHOWS
A baiana Virgínia Rodrigues e a mineira Titane disputam o público paulistano em apresentações hoje e amanhã
Bahia e Minas "duelam" nos palcos de SP
da Reportagem Local
Bahia e Minas Gerais duelam em
São Paulo. A baiana Virgínia Rodrigues, 33, e a mineira Titane, 36,
competem pelo público paulistano
em minitemporadas de dois dias,
ambas hoje e amanhã.
Virgínia, antes atriz do Bando de
Teatro do Olodum, se mostra a
São Paulo como cantora pela primeira vez, apresentando o show de
seu disco de estréia, "Sol Negro",
lançado há um mês.
Titane, de carreira já longa -começou em 1980- sempre pilotada
a partir do Estado natal, chega em
momento de crescimento de sua
popularidade em São Paulo, para
cantar músicas de seu terceiro disco, "Inseto Raro", lançado no
ano passado, e esboçar canções de
um próximo disco.
Virgínia
De origem pobre e descoberta
por Caetano Veloso num ensaio
do Olodum, Virgínia Rodrigues
colhe os frutos da relação com o
padrinho e da boa recepção de
"Sol Negro" -que rendeu até
entrevistas ao jornal "The New
York Times" e à revista "Time".
Ela fala sobre a fama súbita:
"Mudou tudo na minha vida. A
paz está começando a acabar, as
pessoas me reconhecem na mesa
do restaurante, tenho que dar autógrafos".
O show, segundo ela, é praticamente o mesmo da estréia, em Salvador. Com voz de mezzo soprano
fermentada em corais de igreja oscilando entre o gospel, a ópera e a
MPB, canta faixas incluídas no
CD, como "Adeus Batucada", de
Synval Silva, "Terra Seca", de
Ary Barroso, "Noite de Temporal", de Caymmi, e o spiritual norte-americano "I Wanna Be
Ready".
"Só tirei 'Amor, Meu Grande
Amor', da Angela RoRo, que quero fazer depois com um outro arranjo, mais blue. Estou cantando
'Um Favor', do Lupicinio Rodrigues, e 'Ébano', do Luiz Melodia,
que quero também incorporar ao
meu repertório", diz.
Titane
Nascida em Oliveira, no interior
de Minas Gerais, Titane conserva,
em 17 anos de carreira, o apreço
pela terra. "Sempre mantive os
elementos da cultura popular do
Brasil, de maracatu, calango, catira, das festas de boi do Jequitinhonha", conta.
O substrato popular e enriquecido por João das Neves, seu marido
e diretor teatral de peças engajadas
nos anos 60, que é o responsável
pela concepção do show.
Ao universo da cultura popular,
soma a MPB tradicional, de Milton
Nascimento, João Bosco, Caetano
Veloso, e a vanguarda paulistana
de Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Rumo, Premê e outros,
com quem diz se identificar plenamente.
Por isso, convida Suzana Salles,
voz de fundo dos primeiros discos
de Arrigo e Itamar hoje em carreira solo, para uma participação especial em seu show. Juntas, brincam com o clássico caipira "Cabelo Loiro".
Descompromissada com a fama
nos grandes centros nacionais, Titane explica sua carreira: "Sou
parte de uma geração em que foi
possível prosseguir o trabalho ficando no próprio Estado. Confesso que não me identificava com o
que acontecia nas rádios e TVs nos
80".
A abertura para os sons tipicamente brasileiros operada pelos
anos 90 impulsionou sua carreira
nos últimos anos. "O panorama
do mercado está mais próximo do
que eu sempre fiz, a MPB está sendo lida, relida... Além disso, hoje
subo no palco com mais convicção
e competência."
Mesmo assim, voltou para Belo
Horizonte após três anos morando
em São Paulo. "Minas sempre me
puxa, e vivo bem na estrada. Hoje
nem sei mais onde moro direito",
afirma.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Show: Virgínia Rodrigues
Onde: Tom Brasil (r. das Olimpíadas, 66,
Vila Olímpia, tel. 011/820-2326)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 20 a R$ 45
Show: Titane
Onde: Piccolo Espaço Cultural (r. Girassol,
323, Vila Madalena, tel. 011/870-5884)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 15
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