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Crítica/"Kung Fu Panda"
Animação simpática investe na ideologia da diversidade
Filme da Dreamworks traz urso gordinho que é confundido com guerreiro
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
É a vingança dos gordinhos! Depois de terem
se convertido num dos
alvos constantes das campanhas de saúde, eternos excluídos das passarelas da moda e
dos ideais de beleza, os carregadores de muitos quilos a mais
passaram a ganhar no cinema a
chance de salvar o mundo.
Na semana passada, vieram
como os obesos sobreviventes
de uma humanidade exilada na
animação "Wall-E". A partir de
hoje, repetem a dose na figura
rotunda do ursão de "Kung Fu
Panda".
A nova animação da Dreamworks segue a linha de sucesso
da casa, trazendo para o público um punhado de personagens
na forma de animais, mas que
se comportam, de fato, como
representantes de uma natureza completamente humana.
Do mesmo modo que nas
aventuras de "Shrek" e da bicharada de "Madagascar", o
que "Kung Fu Panda" investe
de mais simpático é na ideologia da diversidade. Pelo menos
nesse mundo da fantasia, os excluídos têm vez.
Com sua aparência nada leve,
Po leva uma vida sem graça servindo macarrão no restaurante
da família. Até que acaba confundido, graças a uma de suas
tantas trapalhadas, com um
guerreiro talhado para salvar os
fracos das garras do vilão, o leopardo Tai Lung.
Desse modo, descobre que
sua fragilidade pode esconder a
maior força. Para além do caráter bem-intencionado das
mensagens, o que as aventuras
do grandalhão Po garantem
mesmo é um bocado de diversão.
Mais uma vez, a animação,
feita da mistura de tecnologia
digital e desenhos a mão, alcança figurações que escapam da
referência realista que predomina nas produções da Pixar.
As primeiras imagens de "Kung
Fu Panda" ilustram, sob a forma de impressionantes grafismos, uma gama estilizada de
referências, na apresentação
dos animais lutadores, os cinco
furiosos.
O universo é o dos filmes
orientais de artes marciais,
com seus golpes velozes, roupagem exuberante e movimentos que desafiam os limites da
gravidade.
Neste ambiente dominado
pelas forças da fantasia, as texturas da animação fazem maravilhas não apenas no movimento dos personagens. Os fundos
impressionantes restituem as
imagens de uma China pictórica, inspirada nas paisagens do
vale do rio do Li e na arquitetura dos templos da região da cidade de Guilin.
Sobre tanta leveza, o grandalhão Po substitui com graça e
peso o verdão Shrek no papel
do desajeitado que todo mundo
adora.
KUNG FU PANDA
Produção: EUA, 2008
Direção: John Stevenson e Mark Osborne
Onde: estréia hoje nos cine Anália
Franco, Bristol e circuito; livre
Avaliação: bom
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