São Paulo, sexta, 4 de julho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sacha Distel canta clássicos franceses

LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Reportagem Local

Um dos grandes nomes da canção francesa, o "show man" Sacha Distel chega hoje ao Brasil para sete shows.
Cantor, compositor, ator de cinema, violonista e apresentador de TV -ainda por cima diplomado em filosofia-, Distel se apresenta hoje e amanhã no Bourbon Street, em São Paulo, e, de terça-feira a sábado, no Mistura Fina, no Rio de Janeiro.
"Não vou me contentar em fazer apenas um estilo de canção. Serei o mais abrangente possível. Vou fazer um programa bastante eclético com tudo o que sei e gosto de fazer", disse o cantor à Folha, por telefone, de Paris.
Nesse ecletismo estará incluída, ao menos, uma música em português. Nada surpreendente para alguém que já gravou em sete línguas (francês, inglês, português, espanhol, alemão, italiano e polonês).
Apesar dessa variedade, no repertório não faltarão seus sucessos como "La Belle Vie" -vertida para o inglês como "The Good Life" e cantada por Frank Sinatra, Sarah Vaughan, Ray Charles e Tony Bennet.
Em seguida, ele deve fazer um medley de algumas grandes canções francesas recentes.
Entre elas estarão "My Way", "Comme d'Habitude", "Et Maintenant", "Un Homme, Une Femme".
Nessa temporada no Brasil, Distel -que toca violão eletroacústico- se apresenta com um trio: Frank Sitbon (piano e sintetizador), Philippe Chayeb (contrabaixo) e Thierry Chauvet (bateria).
Sempre comparado a Maurice Chevalier -o maior cantor francês-, Distel também fará um medley em homenagem ao "chanteur".
Brigitte Bardot
Ele também deve mostrar "Tu Est le Soleil de Ma Vie", sua versão de "You Are The Sunshine of My Life", de Stevie Wonder, que ele cantou com Brigitte Bardot.
Distel, que viveu com Brigitte Bardot na época em que ela era o sonho dos marmanjos mundo afora, foi um dos maiores símbolos sexuais franceses na segunda metade do século.
Hoje, beirando os 70, ele prefere não dizer a idade. "Esse é um número que muda todos os anos", ri. "Eu não vou dizer. Você mesmo julgue quando me encontrar", diz ele.
Quanto às suas primeiras canções, ele diz que se preocupa em modernizá-los. "Mesmo os antigos sucessos, que todo mundo conhece, tentamos dar um frescor e renová-las", diz.
Uma preocupação que tem limites. O rap, por exemplo. "São a expressão de uma forma de sociedade. Mas é uma música diferente da que eu gosto. Quando assisto a um espetáculo, gosto quando há melodia, quando um cantor tem boa voz", diz ele.
Mas a idade não o preocupa. Ele está preparando a montagem de um musical sobre Maurice Chevalier que será encenado na França em setembro de 1998.
Bossa nova
Sacha já esteve algumas vezes no Brasil. A última faz cerca de 15 anos. Na primeira, em 1961, ele conheceu alguns dos músicos que estavam criando a bossa nova.
"Eu tinha um amigo francês que morava no Rio e que me levou para sair na primeira noite. Ele me disse que levaria a uma boate onde havia um grupo de jovens músicos formidáveis. Lá estavam Tom Jobim, João Gilberto, Vinícius de Moraes e outros. Foi assim que me apaixonei pela música brasileira e pelo Brasil", lembra ele.
Assim que voltou à França, ele gravou um álbum de bossa nova e ganhou o Grande Prêmio do Disco (espécie de Grammy francês).
Em português, ele cantou músicas da bossa nova, como "Desafinado", "Meditação", "Corcovado". Gravou um medley de "Orfeu Negro".
Distel conhece bem a música brasileira. Gosta de Caetano Veloso, Gilberto Gil e Baden Powell.
Após tanto tempo sem pisar no país, Distel tem um grande desejo. Conseguir descobrir nessa curta temporada jovens músicos talentosos como ele encontrou em 1961.
"Quero ver se, contrariamente ao que acontece em muitos países do mundo, no Brasil continuam a tocar a boa música brasileira, e não apenas imitações de Michael Jackson ou de Elton John."
Amante do esporte, praticante de esqui e de tênis, Distel elogia Gustavo Kuerten e diz que gostaria de ter a surpresa de encontrar algo comparável musicalmente.
"Na música há fenômenos assim. Alguém jovem, que não conhecemos e que, de repente, traz um entusiasmo novo, balançando a situação existente", diz Distel.

Show: Sacha Distel Onde: Bourbon Street (r. dos Chanés, 127, Moema, tel. 011/5561-1643 ou 011/542-1927) Quando: hoje e amanhã, às 21h45 Quanto: R$ 65 (setor A), R$ 45 (setor b), R$ 30 (setor C)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.