São Paulo, sábado, 4 de julho de 1998

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CINEMA
Chris Carter fala à Folha sobre o filme baseado no seriado de TV, que já arrecadou US$ 55 milhões só nos EUA
Sucesso não espanta criador de "Arquivo X'

BIA ABRAMO
enviada especial a Los Angeles

Chris Carter, o criador e produtor-executivo do seriado de TV "Arquivo X", tem todos os motivos para estar aliviado. Numa temporada até agora sem nenhum favorito óbvio, o filme "The X Files - Fight the Future" está prometendo se transformar num dos grandes hits do verão: em apenas dois finais de semana (estreou em 19 de junho), o filme já arrecadou US$ 55 milhões.
Segundo Carter, as projeções indicam que o filme pode ultrapassar os US$ 90 milhões no mercado americano, o que o deixa logo atrás das outras grandes apostas do verão, "Impacto Profundo" e "Armageddon".
"Esses números indicam que a estávamos certos", diz Carter, que assina o roteiro de "Fight the Future". "Era possível fazer uma versão para o cinema a partir de um seriado de TV, que ao mesmo tempo tivesse o impacto de um filme como qualquer outro."
Carter, um ex-jornalista de surfe e roteirista de TV, criou a série sobre dois agentes do FBI, Fox Mulder (David Duchovny) e Dana Scully (Gillian Anderson), que investigam casos "estranhos", envolvendo toda gama bastante variada de fenômenos inexplicáveis - paranormalidade, telepatia, presença alienígena na Terra-, em 1992 para a Fox.
"Arquivo X" tornou-se um sucesso cult já no seu segundo ano e desde então sua popularidade vem crescendo: hoje mantém uma audiência de 10 milhões de espectadores só nos Estados Unidos e é exibido em mais 60 países. Duchovny e Anderson, antes virtualmente desconhecidos, transformaram-se em astros, frequentadores assíduos de capas de revistas e símbolos sexuais.
A tarefa do filme, portanto, não era das mais fáceis: com um custo de US$ 63 milhões, o roteiro de "Fight the Future", dirigido por Roberto Bowman, que dirigiu vários episódios do seriado de TV, precisava atender a dois públicos bem distintos.
De um lado, os seguidores fiéis, que já acompanham o programa na TV por cinco temporadas e tinham uma expectativa muito grande em relação ao filme. De outro, o público em geral.
"Havia um enorme risco. Se o filme fosse um sucesso -e foi para isso que trabalhamos durante um ano -, ele nos abriria novas perspectivas e, ao mesmo tempo, tornaria o programa de TV ainda mais popular. Mesmo que eu ainda pense em "Arquivo X' como um sucesso cult, ele está se tornando cada vez mais popular. E o filme, com certeza, vai ajudar a ampliar a audiência", disse Carter à Folha.
Os fãs "compraram" o filme, mesmo que, depois de um ano de expectativa, sigilo quase absoluto e boatos circulando freneticamente pela Internet, ele deixe ainda muitas perguntas por responder. Por sua vez, Carter continua fazendo mistério.
Indagado pela Folha por que não há no filme nenhuma referência à irmã de Fox Mulder (David Duchovny), cuja abdução por alienígenas é um dos pilares da "mitologia" da série e motivo da obsessão do agente do FBI por "homenzinhos verdes", ele apenas disse: "Aguarde as próximas temporadas. O filme funciona por si só, mas nós vamos continuar desenvolvendo a mitologia de "Arquivo X' na série de TV".
Segundo Carter, o contrato de sua produtora, 10/13, com a Fox prevê mais duas temporadas. Os contratos de Gillian Anderson e David Duchovny também. "Eu nunca pensei nisso e nem vou pensar na hipótese de fazer o programa sem eles, mesmo porque isso não vai acontecer."



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