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TELEVISÃO
No mês do aniversário de 89 anos do escritor baiano, programas inéditos no GNT e na HBO prestam homenagem
Série põe palavras de Jorge Amado no ar
CYNARA MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL
Zélia Gattai está escrevendo seu
romance "Crônica de uma Namorada" (Record, 1995), quando
subitamente pára. O marido, Jorge Amado, sentado em frente,
pergunta: "O que foi?". Ela diz: "É
que meu personagem está avançando o sinal, tocando uma menininha. Vou fazer ele parar". Jorge:
"Não, faça a menina ir embora". E
Zélia: "Mas ela está gostando!".
Ele ri, maroto: "Ela está gostando,
é? Então não se meta na vida dos
outros, minha filha".
Esta e outras histórias saborosas
estão em "Palavras no Ar: Jorge
Amado", série com quatro episódios de quatro minutos cada um
que começa a ser exibida amanhã
pelo canal a cabo HBO (TVA e DirecTV). No dia 2 de setembro, vai
ao ar uma entrevista exclusiva de
20 minutos feita no início do ano
passado com o escritor, que no
próximo dia 10 completa 89 anos.
A entrevista foi feita originalmente pela Abril Produções e estava inédita quando foi adquirida
pela HBO, que, ao gravar o "Palavras no Ar" em Salvador, entre junho e julho do ano passado, ficou
impedida de conversar com
Amado, já com problemas de saúde. Nos trechos em que aparece,
intercalando as entrevistas de Zélia e dos amigos nos programas
menores da série, o escritor está
abatido e com voz enfraquecida.
O primeiro episódio a ir ao ar é
"O Amado de Zélia", um retrato
pessoal do escritor a partir do depoimento das pessoas mais chegadas. Começa com Zélia Gattai
contando como se conheceram,
em 1945, em meio à agitação da
militância comunista, e de como
ele a seduziu com um poema que
iniciava assim: "Te darei um pente/ Para teus cabelos penteares".
A filha de ambos, Paloma, reconhece que entre seu primeiro livro, "O País do Carnaval" (1931), e
"Os Subterrâneos da Liberdade"
(1954), havia uma "rigidez" na
obra do pai, causada pelo envolvimento com a política, só quebrado em "Gabriela" (1958) -Amado livra-se, então, do comunismo
para libertar sua literatura. Paloma descreve o jeito dele de escrever, usando dois dedos apenas e
sempre à máquina, fazendo as
correções mais tarde, à mão.
Um bom trecho do episódio é
dedicado à amizade. Jorge Amado é uma pessoa de muitos amigos, avaliam os seus. O artista
plástico baiano Calasans Neto,
uma das pessoas que desfrutam
do convívio com os Amado na
Casa do Rio Vermelho, em Salvador, chega a exagerar: "Ele não é
uma pessoa, é uma religião". Outra conterrânea, a escritora
Myriam Fraga, diz que Amado
não só descobriu "sua" Bahia para o mundo, como para os próprios baianos.
A seguir, virão "Criaturas Amadas", "Amado da Bahia" e "Simplesmente Jorge", todos produzidos por Renata Afonso com supervisão de Maria Ângela de Jesus. A entrevista encerra a série.
No próximo sábado, dia 11 -no
dia seguinte ao aniversário- é a
vez do canal GNT (Net e Sky)
apresentar outra atração sobre o
escritor baiano: um documentário de uma hora de duração dirigido por João Moreira Salles dentro da série "Grandes Nomes".
PALAVRAS NO AR: JORGE AMADO.
Amanhã e dias 12, 19 e 26, sempre às
20h55, e dia 2/9, às 20h30, na HBO.
GRANDES NOMES: JORGE AMADO. Dia
11, ao meio-dia e às 17h, no GNT.
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