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As origens do discurso nativista
MAURICIO PULS
da Redação
"Cronistas do Descobrimento", dos
historiadores Antonio Carlos Olivieri e
Marco Antonio Villa, constitui uma
boa síntese dos escritos dos europeus que aportaram no país no
início da colonização.
Os relatos de viagem nascem do
espanto: os cronistas não se cansam de destacar as diferenças entre a Europa e a América, comparando a natureza e os homens.
Dessa avaliação resulta um discurso que, em geral, tende a ressaltar as qualidades (reais ou supostas) do Brasil em contraste
com os defeitos (sobejamente conhecidos) da Europa.
Formulada inicialmente pelos
europeus, essa literatura de exaltação da nova terra acabou fornecendo as bases ideológicas para os
movimentos nativistas que, a partir do século 17, passaram a defender a independência do país.
De cada relato, os historiadores
selecionaram os trechos mais significativos, todos precedidos de
uma introdução com a biografia
do cronista e o resumo da obra.
O primeiro texto é a "Carta do
Achamento do Brasil", de Pero
Vaz de Caminha, que narra o descobrimento do Brasil. De linguagem clara e fluente, ela é a primeira obra de celebração da nova terra, "muito chã e muito formosa".
A narrativa de Caminha é complementada pelo "Relato do Piloto Anônimo" (1501), que traz informações adicionais sobre a viagem de Cabral, como o encontro
da frota com uma expedição de
Américo Vespúcio que se dirigia
ao Brasil.
Em seu "Diário da Navegação",
Pero Lopes de Souza descreve a
expedição comandada por seu irmão Martim Afonso de Souza,
em 1531.
Seguem-se dois escritos do padre Manoel da Nóbrega, entre os
quais o "Diálogo sobre a Conversão do Gentio", no qual sustenta
que os índios não deviam ser escravizados, pois "têm alma como
nós".
De Anchieta foram selecionados um poema ("A Santa Inês") e
uma carta sobre a conversão dos
índios.
André Thevet, francês que viveu
no Rio de 1555 a 1556, publicou
"As Singularidades da França Antártica", no qual faz comentários
sobre a religião dos índios e uma
curiosa descrição da bananeira,
uma árvore admirável que "nunca produz fruto mais de uma vez".
Jean de Léry, outro francês que
morou no país, escreveu "Viagem
à Terra do Brasil", que encerra
uma excelente descrição dos costumes indígenas.
O alemão Hans Staden publicou, em 1557, "Duas Viagens ao
Brasil", no qual narra suas aventuras no litoral. Viveu por mais de
nove meses entre os tupinambás,
sempre sob ameaça de ser devorado. Sua obra contém valiosas
observações sobre as sociedades
tribais.
A "História da Província de
Santa Cruz" (1576), de Pero de
Magalhães Gandavo, exaltava de
tal forma as riquezas da colônia
que acabou estimulando a migração de portugueses para o Brasil,
onde "nenhum pobre anda pelas
portas a mendigar como nestes
reinos".
Nos "Tratados da Terra e da
Gente do Brasil", o padre Fernão
Cardim apresenta as plantas e
animais da colônia. Já o "Tratado
Descritivo do Brasil" (1587), de
Gabriel Soares de Souza, é uma
pequena enciclopédia sobre o
Brasil, com destaque para a capitania da Bahia.
Livro: Cronistas do Descobrimento
Autores: Antonio Carlos Olivieri e Marco
Antonio Villa
Lançamento: editora Ática
Quanto: R$ 9,90 (150 págs.)
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