São Paulo, sábado, 4 de outubro de 1997.




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FREE JAZZ
Dor passada dá caráter ao blues de Ronnie Earl

EDSON FRANCO
da Reportagem Local

Se blues é dor, o guitarrista norte-americano Ronnie Earl, 44, é um dos músicos menos indicados para tocar o estilo. Ele está em estado de graça.
Neste ano, ele recebeu o prê mio W.C. Handy -maior hon ra na comunidade blueseira- de melhor guitarrista, casou em junho e gravou "The Co lour of Love", seu primeiro CD pela lendária gravadora Ver ve.
"Estou orgulhoso de estar em um elenco que já teve Charlie Parker, Ben Webster e Billie Ho liday", disse Earl à Folha, por telefone, de sua casa em Boston.
Mas a sucessão de boas notí cias parece não entusiasmar o guitarrista além da medida.
"Meu maior sucesso é estar limpo e sóbrio", diz Earl, que entrou no oitavo ano afastado dos coquetéis de cocaína, Va lium e uísque.
Ele afirma que esse passado é o manancial de melancolia indis pensável a todo músico que toca blues permeado de sinceridade.
Blueseiro de estirpe, Earl, que toca profissionalmente desde 1978, passou a incorporar ele mentos jazzísticos a sua música.
"Ronnie's Music"
O blues virou um dos elemen tos -ainda preponderante, é verdade- daquilo que o músico chama de "Ronnie's music".
"A 'Ronnie's music' é um re sumo da música americana e tem elementos de tudo o que eu ouço", define ele, que, no últi mo CD, passa pela latinidade, em "Bonnie's Theme", e mer gulha de cabeça no jazz, em uma versão de dez minutos para "Round Midnight", clássico de Thelonius Monk.
Earl toca em São Paulo no dia 12, em show que faz parte do Free Jazz. Divide a noite bluesei ra com Jimmy Vaughan e Otis Rush, único negro no palco.
Apesar disso e do sucesso de garotos brancos como Jonny Lang e Kenny Wayne Shepherd, Earl acredita que o blues não es tá precisando de protetor solar.
"Primeiro: músicos como B.B. King e Albert Collins conti nuam insubstituíveis. Segundo: não admito diferenças baseadas na cor da pele. Terceiro: quem são esses caras que você citou?"


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