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SERIADO
"Turma do Gueto" explora filão da miséria
BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO
Idealizada pelo ex-pagodeiro do
Negritude Jr. e apresentador de
TV Netinho de Paula, a série
"Turma do Gueto", que estréia
hoje na Record, tinha como principal chamariz o fato de trazer
atores negros nos papéis principais. O fator pioneirismo, no entanto, ficou para trás após a estréia da microssérie "Cidade dos
Homens", exibida pela Globo no
mês passado.
A iniciativa, portanto, já não é
mais inédita. Na estréia da série
-que inicialmente terá 16 episódios semanais-, vemos Netinho
interpretanto Ricardo, um ex-aluno de uma escola de periferia que
retorna como professor de português, após dez anos. Na chegada,
enfrentará conflitos com alunos e
com a realidade violenta do local.
"É o retrato do dia-a-dia das comunidades das periferias de São
Paulo", resume o diretor do programa, Pedro Siaretta, 60.
Assim como "Cidade", "Turma
do Gueto" utiliza atores não-profissionais no elenco. Segundo Siaretta, foram escaladas 800 pessoas
para os testes iniciais, a maioria
modelos. Atualmente, 35 pessoas
fazem parte do elenco. Nomes conhecidos do grande público, como
Simony, Afro X, Compadre Washington e Big Richards estão em
"Turma do Gueto".
Com ares de filmes e seriados
norte-americanos ambientados
em escolas, a série é uma espécie
de veículo para Netinho expôr
suas "mensagens". Após vivenciar fatos violentos, seu personagem profere discursos condenando as drogas e a atitude do governo perante à situação (criminalidade nos colégios).
Segundo Siaretta, 80% do elenco é formado por negros. "Netinho queria dar oportunidade para os negros na TV", diz.
O diretor não nega que a exploração das comunidades pobres na
TV e cinema tornou-se um filão
promissor. "O público pobre não
se via retratado na TV antigamente. Agora, eles estão se sentindo
representados. Mas é um modismo, uma hora passa."
TURMA DO GUETO - quando: hoje na
Record, às 22h30.
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