São Paulo, segunda-feira, 04 de novembro de 2002

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SERIADO

"Turma do Gueto" explora filão da miséria

BRUNO YUTAKA SAITO
DA REDAÇÃO

Idealizada pelo ex-pagodeiro do Negritude Jr. e apresentador de TV Netinho de Paula, a série "Turma do Gueto", que estréia hoje na Record, tinha como principal chamariz o fato de trazer atores negros nos papéis principais. O fator pioneirismo, no entanto, ficou para trás após a estréia da microssérie "Cidade dos Homens", exibida pela Globo no mês passado.
A iniciativa, portanto, já não é mais inédita. Na estréia da série -que inicialmente terá 16 episódios semanais-, vemos Netinho interpretanto Ricardo, um ex-aluno de uma escola de periferia que retorna como professor de português, após dez anos. Na chegada, enfrentará conflitos com alunos e com a realidade violenta do local.
"É o retrato do dia-a-dia das comunidades das periferias de São Paulo", resume o diretor do programa, Pedro Siaretta, 60.
Assim como "Cidade", "Turma do Gueto" utiliza atores não-profissionais no elenco. Segundo Siaretta, foram escaladas 800 pessoas para os testes iniciais, a maioria modelos. Atualmente, 35 pessoas fazem parte do elenco. Nomes conhecidos do grande público, como Simony, Afro X, Compadre Washington e Big Richards estão em "Turma do Gueto".
Com ares de filmes e seriados norte-americanos ambientados em escolas, a série é uma espécie de veículo para Netinho expôr suas "mensagens". Após vivenciar fatos violentos, seu personagem profere discursos condenando as drogas e a atitude do governo perante à situação (criminalidade nos colégios).
Segundo Siaretta, 80% do elenco é formado por negros. "Netinho queria dar oportunidade para os negros na TV", diz.
O diretor não nega que a exploração das comunidades pobres na TV e cinema tornou-se um filão promissor. "O público pobre não se via retratado na TV antigamente. Agora, eles estão se sentindo representados. Mas é um modismo, uma hora passa."


TURMA DO GUETO - quando: hoje na Record, às 22h30.


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