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"Per Amore" tenta contar história
especial para a Folha
"Per Amore" tem o conceito de
uma ópera. Tenta contar uma história entre a primeira e a 12ª e última faixa. Se, no começo, a intérprete canta a saudade de Nápoles,
o final é a esperada volta à cidade
desse país "do sol", "do mar" e
onde as palavras são "de amor".
Mas nem tudo é dor do exílio. Há
temas românticos contemporâneos, como "Caruso", de Lucio
Dalla, e "Pace e Serenità", de Pino Danielle.
Zizi impõe arrojo no tom sentimental e derramado que dá à
maioria das canções, com seus vocais apoiados em climas de suspensão, por ação das cordas da orquestra e o piano onipresente.
Ela não se furta a manter as pausas e a entonação dramática em vários temas, como em "Caruso".
Baixa o tom em "Senza Fine"
(Gino Paoli) e liga o computador
em "Scapricciatiello Mio" (Albano-Vento) e "Torero" (Carosone-Hoffman-Manning-Salerno), o
que a aproxima dos palcos de cantina. Nada a reclamar: não fossem
esses momentos de música ligeira,
tudo soaria como a faixa-título,
com a voz bem à frente, o piano na
intermediária, os violinos e oboés
por trás. Preparem os lenços: até
uma harpa aparece lá pelo fim.
Na estapafúrdia hipótese de uma
boa acolhida do disco pelas rádios,
Zizi seria responsável pelo primeiro verão brasileiro em andamento
de adágio.
(PV)
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