São Paulo, sexta, 4 de dezembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice GASTRONOMIA Chefs se arriscam em outras bocas
CRISTIANA COUTO especial para a Folha Nem só de restaurantes vivem os chefs da cidade. Cardápios de companhias aéreas, refeições de dieta, pratos de motel e comidinhas de clube recebem agora a grife de chefs badalados e preparam o consumidor brasileiro para uma rota gastronômica além das mesas. Pode-se saborear um ravióli de pato a 10 mil metros de altitude, um risoto com trufas e nozes em uma refeição de 360 calorias ou um camarão com abacaxi e castanhas numa cama de motel. Um dos setores que mais investiu na assinatura dos chefs para eliminar sua má fama gastronômica foi o de serviço de bordo. Companhias nacionais como a TAM e a Varig já têm cardápios de grandes chefs nas rotas internacionais. A TAM estreou ontem seu menu italiano assinado por Giancarlo Bolla e Alessandro Segato, do La Tambouille. Os pratos da primeira classe chegam à la carte. No mesmo dia, a British Airways decolou vôos internacionais (com saídas também do Brasil) com criações do chef britânico Brian Turner, o segundo contratado pela companhia. Em setembro, foi a vez da Varig, que convidou Emmanuel Bassoleil (Roanne), Luciano Boseggia (Fasano) e Deff Haupt (O Leopolldo) para levarem a bordo, devidamente adaptados, pratos que são servidos em seus restaurantes. "É uma tendência mundial de se investir em gastronomia em outros setores, na qualidade implícita da assinatura de profissionais renomados", diz o consultor para alimentos e bebidas da Varig, Dânio Braga, que assinou o primeiro cardápio estrelado da empresa. Em termos de qualidade, os desafios enfrentados pelos chefs vão além das limitações de produtos ou das técnicas especiais de cocção que refeições a bordo requerem. O maior deles é driblar o sabor, por exemplo, da refeição de dieta, desidratada e pouco calórica. Segato, que também acaba de assinar com Bolla o novo pacote-dieta "7 Day Diet Italian" (Emerson Fittipaldi, lembra?), diz que a qualidade dos ingredientes é fundamental. "Utilizamos ervas frescas, como tomilho e alecrim, para tirar o retrogosto amargo do produto", diz Segato. O "7 Day Diet Italian" abusa de risotos e massas -servidos na versão calórica no restaurante da dupla -,deixando em segundo plano as sopas que predominam na linha original. O custo do "sabor italiano" é 15% a mais em calorias, compensadas na diminuição de alimentos complementares. Outros setores, nos quais o forte nunca foi a comida, também apelam aos famosos da cozinha para segurar os clientes pelo estômago. É o caso do Studio A Motel e do Club Athletico Paulistano, que passaram recentemente por uma reforma gastronômica e ganharam pratos mais leves e sofisticados pelas mãos do consultor Luiz Cintra. "A idéia é que as pessoas almocem no clube e se interessem pela comida de um motel", diz Cintra. Sem as restrições de dieta e local, mas equilibrando o trinômio "qualidade-preparo rápido-sofisticação" da comida fora de um restaurante, o chef Alex Atala, do 72, abre em janeiro a deli Namesa. A loja venderá produtos frescos e pré-preparados (caldos, confits, chutneys, peixes a vácuo), embalados também em porções individuais, além de kits completos para um jantar a dois (velas, jogos americanos e óleos aromatizados), tudo com a grife do chef. "É um conceito minimalista, de oferecer preparos de base para um cardápio com várias opções e a possibilidade de montar um jantar completo e legal", explica Atala. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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