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Roberto Alagna reinterpreta óperas "La Bohème" e "Don Carlos"
especial para a Folha
Estão saindo, simultaneamente,
duas óperas com o tenor mais badalado do momento. A EMI lança
"La Bohème", de Puccini, e
"Don Carlos", de Verdi, com Roberto Alagna.
Musicalmente, a gravação ao vivo do "Don Carlos" de Verdi, em
três CDs, é mais interessante. Até
porque nos apresenta a ópera em
sua versão menos conhecida, a
francesa.
Atuando em francês, Alagna não
é menos que perfeito, cantando
com extrema naturalidade e inteligência e conferindo ao personagem-título dramaticidade inaudita. E, como se não bastasse, há ainda grandes atuações de Thomas
Hampson (Rodrigo) e Karita Mattila (Elisabeth), com regência escrupulosa de Antonio Pappano.
Por outro lado, "La Bohème"
traz uma interessante novidade
tecnológica: está gravada em dois
"Enhanced CDs".
O "Enhanced CD" funciona, simultaneamente, como CD e
CD-ROM.
Colocado em um CD player, é
um CD de música normal.
No CD-ROM, além de tocar a
música, há um programa com texto, gráfico, fotos e vídeo, disponível em três línguas: inglês, francês
e alemão. Suas seções são quatro:
"Sinopse", "Libreto", "História" e "Performance".
"Sinopse" conta a história da
ópera. Em "Libreto", é possível
ler as palavras que estão sendo
cantadas, à medida que a ação vai
se desenrolando. E "História" fala do processo de composição de
"La Bohème"; traz as biografias
dos libretistas e do compositor,
Giacomo Puccini, além da sinopse
de outras óperas de sua autoria.
Mas a grande atração é a seção
"Performance". Além das biografias dos cantores, é possível assistir a um vídeo no qual o maestro
Antonio Pappano explica cada um
dos papéis.
Par central
Quanto à parte musical, o par
central, Roberto Alagna e Leontina Vaduva, não está tão arrebatador quanto no vídeo da ópera
"Romeu e Julieta", de Gounod,
gravado em 94, quando o tenor,
pela expressividade, e a soprano,
pela beleza da voz, pareciam haver
nascido para seus papéis.
Mas, pelo menos no que se refere
a Alagna, é difícil imaginar qualquer cantor em atividade no presente atuando de maneira mais
convincente.
Thomas Hampson (Marcello),
Ruth Ann Swenson (Musetta) e
Samuel Rarney (Colline) defendem seus papéis com refinamento
acima da média -principalmente
no caso de Swenson, que se recusa
a ser a "gralha" em que várias
cantoras transformaram Musetta.
E Antonio Pappano, à frente da
Philharmonia Orchestra, acerta a
mão nos momentos cruciais, embora a malha orquestral por ele urdida não chegue a encantar completamente.
Som excepcional, vozes judiciosamente escolhidas e inovações
tecnológicas: esta pode não ser a
melhor "Bohème" da era do disco, mas seus ingredientes a tornam, certamente, bastante atraente.
(IFP)
Discos: La Bohème (de Puccini) e "Don
Carlos" (de Verdi)
Intérprete: Roberto Alagna
Lançamentos: EMI
Quanto: R$ 36, em média, cada CD
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