São Paulo, sexta-feira, 05 de maio de 2000


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CINEMA ESTRÉIA

"Eu nunca escrevo nada, o filme está na minha cabeça"

do "Libération"

A comédia dramática "Verão Feliz", filme do ator-diretor japonês Takeshi Kitano que foi o grande injustiçado do festival de Cannes/99, estréia hoje em São Paulo.
Kitano, que desde "Hana-Bi -Fogos de Artifício" (97) tem sido apontado como o cineasta que melhor equilibra violência e humanismo em seus filmes, falou ao "Libération" sobre "Verão Feliz" e seu estilo de trabalho.

Pergunta - "Verão Feliz" é diferente de seus trabalhos anteriores -menos sombrio e menos provocante.
Takeshi Kitano -
Faz tempo que giro em torno dessa idéia. Mas, como nunca estudei cinema, comecei pelo mais fácil: atirar sobre pessoas ou quebrar a cara delas. Com a experiência, achei que eu seria capaz de passar para um projeto mais delicado.

Pergunta - O filme é escrito com antecedência?
Kitano -
Eu nunca escrevo nada, o filme está na minha cabeça. Em "Verão Feliz", eu tinha escrito apenas os quatro cabeçalhos de capítulo que aparecem na tela.

Pergunta - Como você escolheu o ator-mirim Sekiguchi?
Kitano -
Eu queria que o menino não fosse encantador à primeira vista, que as pessoas só simpatizassem com ele no final do filme. E queria que ele tivesse um rosto à moda antiga, o tipo de rosto que poderia ter sido meu quando eu tinha sua idade.

Pergunta - Em quase todos os seus filmes, os personagens vão para a praia. Por quê?
Kitano -
É o lugar onde eu queria ir quando era criança, mas para onde nunca me levavam, porque não tínhamos dinheiro.

Pergunta - Seus próximos filmes também serão nessa tonalidade, de conto menos sombrio?
Kitano -
Não de maneira sistemática. Meu próximo filme será a história de um bandido que vai seguir a linha de meus trabalhos anteriores. Depois, quero filmar a história sobre um casal apaixonado que se suicida, algo num tom muito diferente. Antes disso, vou terminar o filme de Nagisa Oshima no qual sou o chefe de um grupo de samurais.


Tradução Clara Allain



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