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CINEMA ESTRÉIA
"Eu nunca escrevo nada, o filme está na minha cabeça"
do "Libération"
A comédia dramática "Verão
Feliz", filme do ator-diretor japonês Takeshi Kitano que foi o grande injustiçado do festival de Cannes/99, estréia hoje em São Paulo.
Kitano, que desde "Hana-Bi
-Fogos de Artifício" (97) tem sido
apontado como o cineasta que
melhor equilibra violência e humanismo em seus filmes, falou ao
"Libération" sobre "Verão Feliz"
e seu estilo de trabalho.
Pergunta - "Verão Feliz" é diferente de seus trabalhos anteriores -menos sombrio e menos provocante.
Takeshi Kitano - Faz tempo que
giro em torno dessa idéia. Mas,
como nunca estudei cinema, comecei pelo mais fácil: atirar sobre
pessoas ou quebrar a cara delas.
Com a experiência, achei que eu
seria capaz de passar para um
projeto mais delicado.
Pergunta - O filme é escrito
com antecedência?
Kitano - Eu nunca escrevo nada,
o filme está na minha cabeça. Em
"Verão Feliz", eu tinha escrito
apenas os quatro cabeçalhos de
capítulo que aparecem na tela.
Pergunta - Como você escolheu o ator-mirim Sekiguchi?
Kitano - Eu queria que o menino não fosse encantador à primeira vista, que as pessoas só simpatizassem com ele no final do filme.
E queria que ele tivesse um rosto à
moda antiga, o tipo de rosto que
poderia ter sido meu quando eu
tinha sua idade.
Pergunta - Em quase todos os
seus filmes, os personagens vão
para a praia. Por quê?
Kitano - É o lugar onde eu queria ir quando era criança, mas para onde nunca me levavam, porque não tínhamos dinheiro.
Pergunta - Seus próximos filmes também serão nessa tonalidade, de conto menos sombrio?
Kitano - Não de maneira sistemática. Meu próximo filme será a
história de um bandido que vai
seguir a linha de meus trabalhos
anteriores. Depois, quero filmar a
história sobre um casal apaixonado que se suicida, algo num tom
muito diferente. Antes disso, vou
terminar o filme de Nagisa Oshima no qual sou o chefe de um
grupo de samurais.
Tradução Clara Allain
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