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CRÍTICA
"Maga" esboça reinício de trajetória
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1990 , Margareth Menezes
parecia destinada ao posto de
futura grande cantora brasileira.
Veio o axé, como todo o mundo
sabe, e estava ceifada parte marcante de suas chances (o resto deve ser creditado à própria artista, é
claro).
A volta em "Maga - Afropop
Brasileira" é auspiciosa pelo que
indica de redemocratização na
MPB (e, mais especificamente, na
música baiana). Mas terá de peitar, à força, a reconstrução de
uma trajetória que, por tudo que
aconteceu, não é mais o que representava em sua origem.
A própria qualidade de intérprete parece precisar de cuidados.
O tom grave é agradável, mas
Margareth soa mais envergonhada, menos agressiva que antes.
A produção, de Carlinhos
Brown e Alê Siqueira, prima pela
correção, mas insiste nos cânones
baianos que ainda podem associar o disco mais que o devido à
cultura axé. E, mesmo dentro dos
cânones, a euforia batuqueira,
percussiva e rítmica de Margareth
ainda precisa voltar a toda, a toda.
Fora isso, "Maga" tem lá seus
momentos. Um dos notáveis é
"Preciso", que ela mesma compôs
e que a remete, por sua bela melodia, à verve das canções românticas suaves de Brown e de Marisa
Monte. A abertura do campo de
visão para lá dos limites da Bahia
se detecta ainda na pouco inspirada "Mãe de Leite" (de Zeca Baleiro) e na serena "Lua Candeia"
(Lenine-Paulo César Pinheiro).
Evidencia-se, mais ainda, na releitura afropop da dadaísta "Do
Mar, do Céu, do Campo" (82), do
enfezado Belchior. A releitura soa
carnavalesca demais, mas não
deixa de ser admirável essa reconciliação musical Bahia-Ceará.
Por um revés, o encontro com Daniela Mercury e Ivete Sangalo,
na histórica "Cai Dentro", também aponta flagrante de ousadia.
Não só Margareth como as parceiras cantam amedrontadas, sutilmente hesitantes. A música baiana procura se reencontrar consigo -bom para todos nós.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
Maga - Afropop Brasileiro
Artista: Margareth Menezes
Lançamento: Universal
Quanto: R$ 25, em média
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