São Paulo, quinta-feira, 05 de agosto de 2010

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OPINIÃO

"A Origem" é como sonho recorrente: você já viu antes

BRUNO YUTAKA SAITO
EDITOR-ASSISTENTE DA ILUSTRADA

Não é assim tão complicado entender "A Origem". Afinal, você já viu esse filme antes. Parece sonho recorrente, que não acaba nunca.
Leonardo DiCaprio repete seu papel em "A Ilha do Medo": homem atormentado, com lembranças da mulher, sem saber direito a solidez do chão onde pisa.
Há quem diga que não há coisa mais chata do que ouvir a descrição do sonho de outra pessoa. O cinema, com sua tradição de filmes-sonhos (Buñuel, Cocteau, Mário Peixoto, Fellini etc.), destrói de vez essa ideia.
A montagem, no entanto, sempre impõe dificuldades. Como indicar que uma sequência é um sonho sem cair no clichê de cenas com fumaça, eco, cores saturadas?
David Lynch é a referência imediata nos exemplos mais recentes. "Cidade dos Sonhos" e "O Império dos Sonhos" simulam processos de associações. Durante o sonho não temos consciência de estarmos dormindo, nos dizem esses filmes, com mais sutileza que "A Origem".
"Waking Life", de Richard Linklater, apresenta outra boa solução. Depois de filmados, os atores recebem camadas de desenhos. A imagem surge fluida, real mas irreal; parece que vai se desmanchar a qualquer momento.
Akira Kurosawa buscou a beleza plástica em "Sonhos". A culpa e a beleza alternam aparições, surgindo espetacularmente.
Já Alain Resnais nos questiona em forma de imagens: o que aconteceu no passado é real ou foi um sonho?


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