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MARILYN MANSON
'Até minha mãe me chama de Manson'
da Redação
Leia abaixo a entrevista que o roqueiro Marilyn Manson concedeu
à Folha, de Nova York.
(LÚCIO RIBEIRO)
Folha - Como eu devo chamar você: Brian Warner, seu nome de batismo, ou Marilyn Manson? Brian
Warner ainda existe?
Brian Warner - As únicas pessoas
que me chamam de Brian Warner
são aquelas que me fazem desligar
o telefone na hora. Até minha mãe
me chama de Manson. Mas eu não
me importo. Você escolhe.
Folha - Seu último álbum, "Antichrist Superstar" (1996), foi lançado no Brasil apenas há poucos
meses. Como você descreveria o
disco para os brasileiros que não
conhecem seu trabalho muito bem
e se deparam com o CD nas lojas?
Marilyn Manson - É um disco que
fala sobre ter uma transformação
na vida. Em lidar com coisas que
ninguém nunca iria acreditar. Em
se jogar de cabeça no inferno para
moldar o indivíduo. De um certo
modo, é a história da minha vida.
Folha - Como você se definiria?
Manson - Eu me considero um
artista, porque eu tento usar minha mente para me expressar, por
meio de minha música, de minha
representação no palco, tirando
fotos ou atuando em clipes...
Folha - O que você pensa sobre a
discussão de que o rock está morrendo e o futuro -ou já o presente- da música é o tecno?
Manson - As pessoas costumavam dizer a mesma coisa em 1989,
quando o rock industrial foi criado. Mas eu admiro aqueles que incorporam em sua música os melhores elementos da eletrônica, como o drum & bass, os teclados. E
também tiram elementos dos 80,
de Bowie, que tirou de Brian Eno.
Não sou muito fã, mas acho que
sempre haverá toques da eletrônica em tudo daqui para a frente.
Folha - Sua banda pertence a
uma chamada cena metal de fim
de século, que inclui bandas como
Nine Inch Nails, Tool. Você se sente
bem na companhia desses nomes?
Manson - Acho que minha banda tem, digamos, o mesmo espírito agressivo desses grupos. Mas,
particularmente, com nosso último disco acho que provamos para
as pessoas que não estamos criando apenas música pesada e sim colocando nela sentimento, nossos
medos, algo mais profundo, que
fazem as pessoas pensar.
Folha - Quais as bandas que mais
influenciaram o Marilyn Manson?
Manson - Nesses anos todos,
Bauhaus, Stooges, David Bowie,
Alice Cooper, Black Sabbath. Em
tempos mais recentes, Jane's Addiction, Nirvana, Radiohead.
Folha - Dos grupos que são populares hoje, quais você gosta?
Manson - Gosto muito do Radiohead. E, de um modo estranho,
eu admiro o Oasis. Eles têm atitude. Sabem o que fazem, sabem
quem são. É uma banda que não
tenta ser outra coisa a não ser ela
mesma. Tenho respeito por eles.
Folha - De onde veio a inspiração
para o modo que você se veste??
Manson - Provavelmente de filmes a que assisti, de livros que li.
Eu sempre fui fã de Stanley Kubrick, Terry Gilliam, de filmes de
David Lynch, de "Laranja Mecânica". Minha inspiração veio disso tudo. Sempre me senti um presonagem de cada uma dessas
obras, desses diretores...
Folha - Como foi atuar no filme
"A Estrada Perdida", de David
Lynch? Você gostou do filme?
Manson - Na verdade eu gostaria de ter uma participação maior
no filme, mas a agenda da minha
banda não permite. E eu só fui capaz de fazer um papel muito pequeno. Acho o filme muito bom.
Folha - De volta ao rock. Com
"Antichrist Superstar" e suas polêmicas recentes turnês, você se
tornou uma figura notória. E com a
notoriedade vieram rumores sobre
coisas que você teria feito. Como
você lida com esses rumores?
Manson - Eu acho que realmente não importa o que é verdade ou
não nesse monte de coisas que as
pessoas falam de mim. Se muita
gente acredita, os rumores se tornam verdade de qualquer jeito.
As pessoas são curiosas sobre como é nosso show e ouvem muitas
histórias a respeito. Acho que elas
deveriam ver por elas mesmas.
Folha - É verdade que sua mais
bizarra experiência com drogas foi
triturar ossos humanos que você
pegava de um velho cemitério, botar o pó em um cachimbo e fumar?
Manson - Aconteceu. Foi bem
estranho. E numa noite em que experimentamos outras drogas.
Folha - Você mostra uma certa
androginia no palco, fotos e clipes.
Há uma opção sexual definida?
Manson - Eu sempre procurei
experimentar diferentes tipos de
coisas, mas eu acho que predominantemente eu gosto de mulheres.
Folha - Você não é o primeiro a
trazer nas letras referências ao céu
e ao inferno. Por que você acha
que sua música e seu estilo aborrecem tanta gente na América?
Manson - Porque nossa música
tem o poder de causar essas polêmicas. Qualquer um pode surgir e
dizer o que quiser sobre a minha
música, mas se ninguém tiver argumentos suficientes para ir contra, as pessoas não vão dar bola.
Folha - A sua vinda ao Brasil vai
ser relâmpago. Pelo divulgado, você chega a SP no domingo à noite,
faz a checagem do som na segunda à tarde, toca em show único à
noite e parte na manhã seguinte.
Sua banda vem para estes lados
para cumprir algum tipo de obrigação? Como o Brasil foi incluído
na turnê do Marilyn Manson?
Manson - O que eu posso responder é que não sou eu quem cuida dessas coisas. Eu decido sobre
os lugares que vamos tocar, mas
quanto ao esquema de horários...
Eu procuro mais me concentrar na
minha performance e fazer o que
eu sei fazer. É o que eu posso dizer.
Folha - Podemos anunciar por
aqui a chegada do anticristo ou isso é papo para vender discos?
Marilyn - Fale para as pessoas
irem ao show. A resposta estará lá.
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