São Paulo, sexta, 5 de setembro de 1997.



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MARILYN MANSON
'Até minha mãe me chama de Manson'

da Redação

Leia abaixo a entrevista que o roqueiro Marilyn Manson concedeu à Folha, de Nova York.
(LÚCIO RIBEIRO)

Folha - Como eu devo chamar você: Brian Warner, seu nome de batismo, ou Marilyn Manson? Brian Warner ainda existe? Brian Warner - As únicas pessoas que me chamam de Brian Warner são aquelas que me fazem desligar o telefone na hora. Até minha mãe me chama de Manson. Mas eu não me importo. Você escolhe.
Folha - Seu último álbum, "Antichrist Superstar" (1996), foi lançado no Brasil apenas há poucos meses. Como você descreveria o disco para os brasileiros que não conhecem seu trabalho muito bem e se deparam com o CD nas lojas? Marilyn Manson - É um disco que fala sobre ter uma transformação na vida. Em lidar com coisas que ninguém nunca iria acreditar. Em se jogar de cabeça no inferno para moldar o indivíduo. De um certo modo, é a história da minha vida.
Folha - Como você se definiria?
Manson -
Eu me considero um artista, porque eu tento usar minha mente para me expressar, por meio de minha música, de minha representação no palco, tirando fotos ou atuando em clipes...
Folha - O que você pensa sobre a discussão de que o rock está morrendo e o futuro -ou já o presente- da música é o tecno?
Manson -
As pessoas costumavam dizer a mesma coisa em 1989, quando o rock industrial foi criado. Mas eu admiro aqueles que incorporam em sua música os melhores elementos da eletrônica, como o drum & bass, os teclados. E também tiram elementos dos 80, de Bowie, que tirou de Brian Eno. Não sou muito fã, mas acho que sempre haverá toques da eletrônica em tudo daqui para a frente.
Folha - Sua banda pertence a uma chamada cena metal de fim de século, que inclui bandas como Nine Inch Nails, Tool. Você se sente bem na companhia desses nomes?
Manson -
Acho que minha banda tem, digamos, o mesmo espírito agressivo desses grupos. Mas, particularmente, com nosso último disco acho que provamos para as pessoas que não estamos criando apenas música pesada e sim colocando nela sentimento, nossos medos, algo mais profundo, que fazem as pessoas pensar.
Folha - Quais as bandas que mais influenciaram o Marilyn Manson?
Manson -
Nesses anos todos, Bauhaus, Stooges, David Bowie, Alice Cooper, Black Sabbath. Em tempos mais recentes, Jane's Addiction, Nirvana, Radiohead.
Folha - Dos grupos que são populares hoje, quais você gosta?
Manson -
Gosto muito do Radiohead. E, de um modo estranho, eu admiro o Oasis. Eles têm atitude. Sabem o que fazem, sabem quem são. É uma banda que não tenta ser outra coisa a não ser ela mesma. Tenho respeito por eles.
Folha - De onde veio a inspiração para o modo que você se veste??
Manson -
Provavelmente de filmes a que assisti, de livros que li. Eu sempre fui fã de Stanley Kubrick, Terry Gilliam, de filmes de David Lynch, de "Laranja Mecânica". Minha inspiração veio disso tudo. Sempre me senti um presonagem de cada uma dessas obras, desses diretores...
Folha - Como foi atuar no filme "A Estrada Perdida", de David Lynch? Você gostou do filme?
Manson -
Na verdade eu gostaria de ter uma participação maior no filme, mas a agenda da minha banda não permite. E eu só fui capaz de fazer um papel muito pequeno. Acho o filme muito bom.
Folha - De volta ao rock. Com "Antichrist Superstar" e suas polêmicas recentes turnês, você se tornou uma figura notória. E com a notoriedade vieram rumores sobre coisas que você teria feito. Como você lida com esses rumores?
Manson -
Eu acho que realmente não importa o que é verdade ou não nesse monte de coisas que as pessoas falam de mim. Se muita gente acredita, os rumores se tornam verdade de qualquer jeito.
As pessoas são curiosas sobre como é nosso show e ouvem muitas histórias a respeito. Acho que elas deveriam ver por elas mesmas.
Folha - É verdade que sua mais bizarra experiência com drogas foi triturar ossos humanos que você pegava de um velho cemitério, botar o pó em um cachimbo e fumar?
Manson -
Aconteceu. Foi bem estranho. E numa noite em que experimentamos outras drogas.
Folha - Você mostra uma certa androginia no palco, fotos e clipes. Há uma opção sexual definida?
Manson -
Eu sempre procurei experimentar diferentes tipos de coisas, mas eu acho que predominantemente eu gosto de mulheres.
Folha - Você não é o primeiro a trazer nas letras referências ao céu e ao inferno. Por que você acha que sua música e seu estilo aborrecem tanta gente na América?
Manson -
Porque nossa música tem o poder de causar essas polêmicas. Qualquer um pode surgir e dizer o que quiser sobre a minha música, mas se ninguém tiver argumentos suficientes para ir contra, as pessoas não vão dar bola.
Folha - A sua vinda ao Brasil vai ser relâmpago. Pelo divulgado, você chega a SP no domingo à noite, faz a checagem do som na segunda à tarde, toca em show único à noite e parte na manhã seguinte. Sua banda vem para estes lados para cumprir algum tipo de obrigação? Como o Brasil foi incluído na turnê do Marilyn Manson?
Manson -
O que eu posso responder é que não sou eu quem cuida dessas coisas. Eu decido sobre os lugares que vamos tocar, mas quanto ao esquema de horários... Eu procuro mais me concentrar na minha performance e fazer o que eu sei fazer. É o que eu posso dizer.
Folha - Podemos anunciar por aqui a chegada do anticristo ou isso é papo para vender discos?
Marilyn
- Fale para as pessoas irem ao show. A resposta estará lá.



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