PEDRO IVO DUBRA
DA REDAÇÃO

Empregada pelo Folias d'Arte em outras ocasiões, a cenografia que remete ao bar volta a ambientar a nova comédia musical da companhia. Trata-se de "Las Muchachas", inspirada na peça "L'Orchestre" (A Orquestra), de Jean Anouilh, que faz estréia hoje na cidade, com direção e concepção de Dagoberto Feliz, 41.
"Há um texto de Bertolt Brecht sobre o bar, sobre o que fazer por lá. Pode-se beber, fumar, falar sobre outros assuntos...", enumera Feliz, citando as peculiaridades desse tipo de espaço.
Em "Single Singers Bar", trabalho em cartaz à meia-noite da sexta e do sábado, encenação sua também, o galpão que hospeda o grupo se transforma numa meia-arena divertida, com piano e cerveja, num clima de café-concerto.
"Uma peça não é exatamente igual à outra, há climas diferentes. Mas alguma coisa parecida acontece no sentido de bar, de entretenimento. Nada contra o teatro de palco italiano, mas essa é uma possibilidade de deixar o público mais solto. Para fumar, beber, comentar, nesse tipo de teatro, mais cabaré", considera.
Seis mulheres, com formação musical erudita, são contratadas para tocar num lugar decadente, por sobrevivência. "Todas são muito solitárias, muito cruéis umas com as outras. Elas se odeiam." Entre uma apresentação e outra, surgem à superfície os recalques, as histórias vêm à tona e os atritos se desenrolam.
Como uma coisa sempre leva à outra, a situação é extrapolada pela companhia, que aproveita para falar de assuntos parelhos.
"A discussão é também até onde você, como artista, pode ir, até que ponto pode se vender, pode abdicar de suas prioridades, renunciar. É o mais importante", afirma o diretor.
As musicistas são interpretadas por seis atores. A personagem do pianista, por sua vez, fica a cargo da única atriz da peça, Thais Ferrara. São utilizados na montagem um piano, dois violões, uma clarineta, um acordeão e um sax, tocados ao vivo no palco.