São Paulo, quarta, 6 de janeiro de 1999

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Londres leva arte popular para as margens do Tâmisa


Museu inglês exibe mostras temporárias com obras de pessoas comuns e de artistas plásticos


ISABEL CLEMENTE
de Londres

Antes de ganhar forma definitiva, o futuro Museu do Rio Tâmisa, o mais novo centro de artes que Londres receberá próximo ao seu centro financeiro, dará lugar ao projeto "Museu de...".
Trata-se de uma importante e inédita série de museus temporários, que irão abrigar arte sob temas como emoções, o desconhecido, coleção, "mim" e o rio Tâmisa ele mesmo.
O primeiro museu temático, o dos Colecionadores, já está em funcionamento desde o final do ano passado e ficará aberto até março, quando será substituído pelo Museu de Mim. A seguir virão os museus das Emoções, do Desconhecido e o do Rio Tâmisa, pela ordem. Cada um ficará aberto por quatro meses, com entrada grátis.
A idéia é questionar o papel do museu, sua função cultural e os motivos que levam as pessoas a visitá-lo ou não, explica a diretora-artística do projeto, Clare Patey.
Patey reconhece que a inovação de manter museus temporários talvez leve a uma reformulação total do projeto, originalmente criado para dar forma definitiva ao Museu do Rio Tâmisa.
Segundo ela, a renovação dos temas poderá ser mantida, criando a marca própria da rotatividade para o museu do futuro.
Os visitantes podem sugerir outros temas de museus temporários por meio de folhetos. "Esse projeto é, sobretudo, de participação. Os objetos expostos e seus donos estão vivos", diz Patey, diferenciando o objetivo do "Museu de..." do propósito de outros museus dedicados à preservação do passado.
Então, por que não chamá-los de exibição? A diretora afirma que cada tema explora a relação das pessoas com a cultura material. No Museu dos Colecionadores, o objetivo é notar como se estabelece essa relação da forma mais direta possível.
No Museu de Mim, as pessoas serão convidadas a montar a interpretação que fazem de si mesmas e representá-las para alguém que não as conhece.
"É como o Museu Britânico. O visitante é apresentado a toda uma cultura nacional segundo o ponto de vista que essa cultura traçou de si mesma", diz.
No Museu das Emoções, artistas plásticos profissionais montarão instalações em salas dedicadas ao medo, ao amor, ao ódio e outros sentimentos.
O Museu do Desconhecido convidará os visitantes a deixar sua interpretação em rótulos autocolantes dos estranhos objetos, que estarão exibidos. Assim, prossegue Patey, "as análises construirão uma história e uma identidade para o objeto".
O último dos museus temporários terá o nome do museu definitivo, o do Rio Tâmisa. Vai analisar um dos símbolos de Londres e as pessoas cujos trabalho e vida dependam dele. Esse projeto deverá ser o último antes que o Museu do Rio Tâmisa ganhe perfil próprio.
Abrigado em um antigo prédio industrial, que por mais de 50 anos ficou abandonado e habitado por ratos e pombos, o projeto "Museu de..." está localizado em um privilegiado local, próximo ao centro financeiro de Londres. O projeto é patrocinado por uma organização sem fins lucrativos, a Coin Street Community Builders.



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