São Paulo, quarta, 6 de janeiro de 1999

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Colecionadores mostram doces e caracóis

de Londres

O primeiro tema escolhido para o "Museu de..." abordou uma mania muito comum dos britânicos: a de colecionar.
Inaugurado em novembro passado, o Museu dos Colecionadores trouxe à tona a relação de pessoas comuns com seus objetos -comportamentos que vão do bizarro ao engraçado.
Não há como não questionar o que faz uma pessoa se tornar tão apegada a caracóis, a ponto de comprar e colecionar tudo que exiba a forma do pequeno molusco terrestre, incluindo amostras vivas do próprio.
A dona da coleção, a jardineira Jane Reynolds, diz simplesmente ser divertido lidar com caracóis (vivos ou mortos) -explicação que se encaixa para os colecionadores de corujas, revistas do Capitão Marvel, brinquedinhos surpresas do Kinder Ovo, borrachas, cartas comerciais de recusa, papel que envolve tangerinas importadas, objetos encontrados na rua etc.
Justificativa mais saudável não poderia ter o estudante Gareth Miles, que, indefeso diante de sua compulsão por doces, resolveu colecioná-los intactos.
"É melhor que comê-los, não é um hobby caro e facilita a vida das pessoas que não sabem o que me trazer como lembrança de viagens", diz Miles.
O Museu dos Colecionadores ampliará o espaço dedicado às 42 coleções expostas hoje. O museu atraiu a atenção de todos os que cultivam o mesmo hábito, recebendo inúmeras sugestões.
Cerca de mil pessoas visitam o local por semana, segundo os organizadores. "Uma pequena parte do público é formada por parentes e familiares dos colecionadores, orgulhosos da oportunidade de exibir suas paixões", diz a diretora-artística do museu, Clare Patney.
Cada coleção é acompanhada de uma pequena explicação do dono. Nem todas as histórias de bastidores são contadas, no entanto.
Na escura sala onde quatro bancadas cercadas de vidros exibem centenas de bonecos de monstros, como o Conde Drácula, Hulk e Frankenstein, também se esconde a história de um homem cuja fixação o arruinou financeiramente e afetivamente.
A diretora do museu conta que David Swift, dono da coleção, gastou todo seu dinheiro na compra dos bonecos, o que levou sua namorada a desistir da relação.
Swift explica que sua nostalgia por brinquedos que lembram os tempos felizes de sua infância foi motivada pela perda do pai e por uma doença que o deixou por um tempo internado no hospital. (IC)


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