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ARTES PLÁSTICAS
Exposição em São Paulo, mostra em Curitiba e documentário recuperam trabalho do artista modernista
Obra de Cícero Dias volta a dar ar da graça
CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Aqui e ali a obra de Cícero Dias
volta a dar o ar da graça pelo Brasil. Pouco mais de uma semana
depois da morte do artista modernista, que tinha 95 anos e morava em Paris, seus trabalhos começam a retornar às galerias e se
aproximam também do cinema.
A homenagem ao pernambucano, enterrado na segunda no cemitério de Montparnasse, na capital francesa, começou pelo Sul.
Um dia depois da morte do artista, a galeria Simões de Assis, de
Curitiba, que representa sua obra
no Brasil, encheu três de suas salas com pinturas que Dias fez desde os anos 20 até os 70.
Hoje é a vez de São Paulo. A cidade, que já tinha à disposição o
trabalho mais emblemático do artista, o painel "Eu Vi o Mundo...
Ele Começava no Recife", atualmente na exposição "Da Antropofagia a Brasília", na Faap, recebe hoje uma mostra com 26 gravuras do pintor.
"Memória Viva - A Gravura de
Cícero Dias", que a Portal Galeria
exibe até o dia 19 de abril, reúne
impressões recentes de trabalhos
que Cícero fez por cinco décadas.
O período mais rico de sua produção, os anos 20, são pouco representados. Esses tempos de lirismo e namoro com o que se
classificou como surrealismo estão recuperados em apenas duas
gravuras. O eixo da exposição é
uma fase menos valorizada da
obra de Dias, seus anos 60 e 70. De
Paris, onde se radicou em 1937,
ele voltava a imaginar os cenários
de seu querido Pernambuco.
Com cores um pouco mais fortes e sem a leveza das primeiras
obras, o artista mostra que suas
experiências pioneiras entre brasileiros com a arte abstrata geométrica, nos anos 40 e 50, tornara
as formas de sua pintura mais volumosas e definidas. De mais bonito fica a expressão da saudade
do Brasil quente, que Dias procurava todos os anos.
Foi em seu último verão pernambucano, em 2002, por sinal,
que ganhou corpo outra das homenagens que devem aparecer
em breve ao pintor.
Na visita que fez a Recife, o artista de então 94 anos conversou durante dez dias com o cineasta Mário Carneiro e sua câmera. Amigo
de Dias desde os anos 40, esse que
é tido como um dos maiores nomes da fotografia na história do
cinema brasileiro preparava um
documentário sobre o artista.
"Aqui Começa o Recife" (título
inspirado no painel "Eu Vi o
Mundo..."), de 40 minutos, agora
está pronto. Segundo o cineasta
(que faz palestra em São Paulo no
próximo dia 18, no CCBB), o filme
deve ser exibido pela primeira vez
em março. "Cícero chegou a ver a
versão em vídeo e estava muito
empolgado", diz Carneiro.
MEMÓRIA VIVA - A GRAVURA DE
CÍCERO DIAS. Onde: Portal Galeria (r.
Estados Unidos, 2.241 (tel. 0/xx/11/
3081-0339). Quando: hoje, a partir das
10h; de segunda a sexta, das 10h às 20h;
sábado, das 10h às 13h; até 19 de abril.
Preços: de R$ 1.000 a R$ 3.000 (gravuras)
CÍCERO DIAS. Onde: galeria Simões de
Assis (al. Dom Pedro 2º, 155, Curitiba, tel.
0/xx/41/232-2315). Quando: de segunda
a sexta, das 10h às 19h. Preços: sob
consulta
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