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São Paulo, quinta-feira, 06 de fevereiro de 2003

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ARTES PLÁSTICAS

Exposição em São Paulo, mostra em Curitiba e documentário recuperam trabalho do artista modernista

Obra de Cícero Dias volta a dar ar da graça

CASSIANO ELEK MACHADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Aqui e ali a obra de Cícero Dias volta a dar o ar da graça pelo Brasil. Pouco mais de uma semana depois da morte do artista modernista, que tinha 95 anos e morava em Paris, seus trabalhos começam a retornar às galerias e se aproximam também do cinema.
A homenagem ao pernambucano, enterrado na segunda no cemitério de Montparnasse, na capital francesa, começou pelo Sul.
Um dia depois da morte do artista, a galeria Simões de Assis, de Curitiba, que representa sua obra no Brasil, encheu três de suas salas com pinturas que Dias fez desde os anos 20 até os 70.
Hoje é a vez de São Paulo. A cidade, que já tinha à disposição o trabalho mais emblemático do artista, o painel "Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife", atualmente na exposição "Da Antropofagia a Brasília", na Faap, recebe hoje uma mostra com 26 gravuras do pintor.
"Memória Viva - A Gravura de Cícero Dias", que a Portal Galeria exibe até o dia 19 de abril, reúne impressões recentes de trabalhos que Cícero fez por cinco décadas.
O período mais rico de sua produção, os anos 20, são pouco representados. Esses tempos de lirismo e namoro com o que se classificou como surrealismo estão recuperados em apenas duas gravuras. O eixo da exposição é uma fase menos valorizada da obra de Dias, seus anos 60 e 70. De Paris, onde se radicou em 1937, ele voltava a imaginar os cenários de seu querido Pernambuco.
Com cores um pouco mais fortes e sem a leveza das primeiras obras, o artista mostra que suas experiências pioneiras entre brasileiros com a arte abstrata geométrica, nos anos 40 e 50, tornara as formas de sua pintura mais volumosas e definidas. De mais bonito fica a expressão da saudade do Brasil quente, que Dias procurava todos os anos.
Foi em seu último verão pernambucano, em 2002, por sinal, que ganhou corpo outra das homenagens que devem aparecer em breve ao pintor.
Na visita que fez a Recife, o artista de então 94 anos conversou durante dez dias com o cineasta Mário Carneiro e sua câmera. Amigo de Dias desde os anos 40, esse que é tido como um dos maiores nomes da fotografia na história do cinema brasileiro preparava um documentário sobre o artista.
"Aqui Começa o Recife" (título inspirado no painel "Eu Vi o Mundo..."), de 40 minutos, agora está pronto. Segundo o cineasta (que faz palestra em São Paulo no próximo dia 18, no CCBB), o filme deve ser exibido pela primeira vez em março. "Cícero chegou a ver a versão em vídeo e estava muito empolgado", diz Carneiro.


MEMÓRIA VIVA - A GRAVURA DE CÍCERO DIAS. Onde: Portal Galeria (r. Estados Unidos, 2.241 (tel. 0/xx/11/ 3081-0339). Quando: hoje, a partir das 10h; de segunda a sexta, das 10h às 20h; sábado, das 10h às 13h; até 19 de abril. Preços: de R$ 1.000 a R$ 3.000 (gravuras)

CÍCERO DIAS. Onde: galeria Simões de Assis (al. Dom Pedro 2º, 155, Curitiba, tel. 0/xx/41/232-2315). Quando: de segunda a sexta, das 10h às 19h. Preços: sob consulta



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