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MAM exibe fotos de museu espanhol
Acervo de instituto em Valencia é mostrado em seleção de 59 imagens, com registros de nomes como Man Ray e Steichen
Exposição é aberta hoje para convidados e marca parceria dos dois museus; fotógrafos enfocam identidades e vida nas grandes cidades
MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um panorama da história da
fotografia, com destaque para o
questionamento da identidade
e da vida urbana. Com esse viés,
é aberta hoje mostra no MAM
(Museu de Arte Moderna) que
exibe 59 fotografias pertencentes ao Ivam (Instituto Valenciano de Arte Moderna).
O Ivam é uma das instituições espanholas que tem um
dos melhores acervos na área,
com cerca de 2.800 fotografias.
No total, o museu tem aproximadamente 7.000 obras.
O MAM paulista mantém um
intercâmbio com o Ivam, o que
fez com que Valencia ganhasse
uma mostra de arte contemporânea do Brasil, com um recorte fotográfico do acervo do
MAM. A exposição ainda está
em cartaz na Espanha e tem curadoria de Tadeu Chiarelli.
"Para ambas as instituições, é
uma ótima escolha. O MAM
tem grandes nomes brasileiros
em seu acervo e pode apresentá-los a um público maior no
exterior. Já a preciosa coleção
do museu espanhol tem nomes
fundamentais da fotografia,
mas ausentes dos acervos daqui", diz o coordenador de curadoria do MAM, Andrés Martín Hernández.
Painel histórico
A mostra é aberta com um
dos raros registros iniciais da
fotografia, "Artigos da China"
(1844), de William Fox Talbot
(1800-1877), um dos pioneiros
da área. No mesmo segmento, a
cidade moderna é problematizada, com um clique de Edward
Steichen (1879-1973), "Edifício
Flaitron" (1905), no qual um
dos nascentes arranha-céus de
Nova York é retratado.
Mais à frente na mostra, a fotografia urbana continua em
evidência na mostra, que tem a
curadoria dos espanhóis Consuelo Císcar e Fernando Castro. Uma de suas escolhas mais
gratas é "Vista da Cidade com
Transatlântico" (1936), do argentino Horacio Coppola.
Em contemporâneas visões
sobre os grandes centros, se
destacam fotografias do italiano Gabriele Basilico e do espanhol Carlos Cánovas.
Vanguardas
Man Ray (1890-1976), expoente das vanguardas e um
dos principais nomes
do surrealismo, tem
"Le Cadeau" (1921)
mostrado no começo
do espaço.
Os procedimentos
das vanguardas, aliás,
são dominantes na segunda seção da mostra, com farta exibição de fotomontagens, recortes, sobreposições e outras experimentações.
Assim, imagens de André
Kertész (1894-1985), George
Grosz (1893-1959), Manuel Álvarez Bravo (1902-2002) e
Georges Hugnet (1904-1974),
entre outros, fazem com que o
registro fotográfico documental seja subvertido por uma série de intervenções dos autores
nas imagens.
As experimentações utilizadas para fins políticos não faltam na mostra. Um cartaz de El
Lissitzky (1890-1941), "Para o
Front", de 1941, conclama à
produção de tanques para o
Exército soviético.
Já a fotomontagem de John
Heartfield (1891-1968) é um
engajado libelo contra o nazismo, retratando um Hitler "radiografado", tendo em seu interior pilhas de moedas.
Mas o documental não é esquecido, com nomes-chave da
fotografia norte-americana, como Lewis Hine (1874-1940) e
Walker Evans (1903-1975).
O auto-retrato e o questionamento da própria identidade
surgem com força em obras de
Robert Rauschenberg, John
Baldessari e no impressionante
retrato da série "Místico", de
Darío Villalba, que fecha a exposição.
Na sala Paulo
Figueiredo, continua a boa exposição "Fotografia em Perspectiva", na qual
a curadora Carolina Soares seleciona obras fotográficas do
acervo do MAM.
A FOTOGRAFIA NA COLEÇÃO DO IVAM
Quando: de ter. a
dom., das 10h às
18h; abertura hoje (convidados),
às 19h30; até 1º/4
Onde: MAM-SP (pq. Ibirapuera,
portão 3, tel. 0/xx/11/5085-1300)
Quanto: R$ 5,50
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