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CINEMA
A vida da violoncelista Jaqueline du Pré é transformada em filme que estreou na semana passada em Londres
"Hilary and Jackie" leva polêmica ao clássico
ISABEL CLEMENTE
de Londres
Uma controvertida biografia em
película despertou polêmicas no
círculo da música clássica européia. Lançado na semana passada
em Londres, o filme "Hilary and
Jackie" conta a história da violoncelista Jaqueline du Pré (Emily
Watson), morta em 87, aos 42
anos, de esclerose múltipla.
Du Pré foi considerada uma das
melhores solistas deste século. A
doença fez com que ela se aposentasse aos 26 anos, quando já detinha uma fama reconhecida internacionalmente.
O filme reflete o ponto de vista
dos irmãos, a flautista Hilary -interpretada por Rachel Griffiths, de
"O Casamento do Meu Melhor
Amigo"- e o empresário Piers,
co-autores da biografia "A Genius
in the Family" (Um Gênio na Família). "Hilary and Jackie" mostra
como a brilhante carreira de Jaqueline ofuscou os anseios da também musical Hilary, num intrincado jogo de amor fraternal, competição e dependência levado às raias
de as duas dividirem um homem.
Na tela, tudo acontece sob o consentimento de Hilary. Na vida, os
fatos não teriam sido bem assim,
segundo os amigos de Jackie.
A EMI, que detém as gravações
originais de du Pré, se recusou a
colaborar com o projeto, apesar de
já ter providenciado mais CDs para dar conta das vendas.
Sabe-se que o viúvo de Jaqueline,
o pianista argentino Daniel Barenboim, radicado em Paris, também
se recusou a colaborar com o projeto, que durou três anos.
O violonista britânico John Williams foi o último a engrossar publicamente o coro dos insatisfeitos
com a montagem cinematográfica
da vida de Jackie. Em entrevista ao
jornal "The Observer", Williams
disse que "Hilary não tem o direito
de deixar para a posteridade uma
distorcida imagem de Jackie. É
verdade que, nos seus últimos
anos de vida, Jaqueline estava terrivelmente doente, mas não como
o filme dá a entender".
O longa é dividido nos capítulos
"Jackie" e "Hilary". Os mesmos
episódios são mostrados com falas e sob ângulos diferentes conforme o entendimento de cada.
Segundo Hilary, sua intenção
era falar "do lado familiar, longe
do glamour que cercou a vida de
Jackie". Em entrevista divulgada
junto com as informações sobre a
produção do filme, Hilary diminui a importância do triângulo
amoroso revelado por sua versão.
Jackie viveu com ela e o marido
na casa de campo do casal, na Inglaterra, durante um ano e meio,
aproximadamente -período em
que esteve separada de Barenboim. Durante sua permanência,
teve um caso com o cunhado.
Hilary e Piers, o irmão mais novo, venderam os direitos autorais
do livro e concordaram em não
interferir durante as filmagens.
"Ficamos muito preocupados,
mas o diretor (Anand Tucker) nos
convenceu", disse Piers, que contou ter ficado muito emocionado
com a primeira cena, na qual aparecem Hilary e Jackie, ainda crianças, brincando na praia.
"Hilary and Jackie" é o primeiro
filme em película de Tucker, cujos
trabalhos anteriores mais conhecidos haviam sido um filme para a
BBC e um documentário.
Sua direção foi elogiada pela crítica, apesar de semelhanças com o
filme "Shine", sobre o pianista
David Helfgott, que surtou durante uma apresentação, não terem
passado despercebidas.
A atriz Emily Watson indicada
ao Oscar de melhor atriz, em 1996,
por "Ondas do Destino", já é cotada para uma segunda indicação.
Ela concorreu ao último Globo de
Ouro pela mesma categoria.
Segundo a distribuidora Intermedia, o lançamento do filme no
Brasil, previsto para antes do fim
de 99, está sendo negociado com a
Buena Vista International.
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