São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2000


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RELÂMPAGOS

Folia no limbo

JOÃO GILBERTO NOLL
Não havia explicação para o quadro súbito. Seus pés na bacia d'água, um quarto talvez de hotel, o banco com assento de palha... E, claro, o pendor para as coisas se conservarem assim. Ele tentou falar com o desenho de uma opulenta mulher negra que jazia misteriosamente sobre a mesa. Saiu-lhe um idioma áspero, inacessível até para ele, brutal. Tentou se masturbar, fazer a vida andar. Nada... Esfregou as mãos, abriu a porta. Um gigantesco galpão, como se um estúdio de gravações. No chão, um adereço prateado refletia um homem loiro que ele não reconheceu...


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