São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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CINEMA ESTRÉIA
'Como Ser Solteiro' chega 'desprentensioso'

Divulgação
Cena de "Como Ser Solteiro", dirigido por Rosane Svartman, filme que estréia hoje em São Paulo


PAULO VIEIRA
especial para a Folha

A diretora Rosane Svartman tem 28 anos e como experiência anterior em cinema, dois curtas. Foi também assistente de direção e de montagem em "Todos os Corações do Mundo", o filme oficial da Copa 94.
Reuniu uma equipe também novata em longa-metragem, um elenco desconhecido (sobressai-se a primeira Narizinho da série "Sítio do Pica-Pau Amarelo") e uma constelação de personalidades que atuaram como figurantes não-remunerados.
Muito para dar errado, mas, ao menos financeiramente, não deu. "Como Ser Solteiro", que estréia hoje em São Paulo num circuito bastante amplo, está em cartaz desde 30 de janeiro no Rio -onde foi lançado em 16 salas.
Foi assistido por cerca de 130 mil pessoas, a despeito do "efeito Titanic" (segundo o exibidor, assistido por 6 milhões de pagantes no Brasil).
A ação se passa quase que integralmente no Rio -chamava-se originalmente "Como Ser Solteiro no Rio de Janeiro"-, em cartões-postais cariocas, entre moradores notáveis que devem se confundir com a paisagem da cidade (Fernando Gabeira à bicicleta, Bussunda, Planet Hemp etc.).
A fórmula, que a diretora prefere mais "universal" que carioca, é a soma de dois roteiros de curtas (dos protagonistas Ricardo, o verdadeiro solteiro do filme, e Julia), que não chegaram a ser filmados, e uma maneira um tanto arriscada de produzir.
"Fazíamos as cenas essenciais e íamos mostrando aos possíveis patrocinadores. Assim, conseguíamos o dinheiro aos poucos", explica ela.
Para construir seus protagonistas, Svartman, também roteirista do filme, diz ter se inspirado nas pessoas comuns. "Eu, você e a torcida do Corinthians temos um pouco dos meus personagens, depende do espírito do dia. Eles são ícones, são puros no que são."
É difícil concordar quando se sabe que um deles, Julia, transforma-se em homossexual e líder feminista de chofre, em razão de um dia ruim. Mas a isso a diretora responde: "Tempo em cinema não é palpável, você pode contar dez anos em uma hora e meia".
Svartman considera seu filme "despretensioso". "Fiz um filme para fazer as pessoas se sentirem felizes. Quando escrevo um roteiro, espero estar sendo autêntica. Não consigo pensar num público específico que o filme irá atingir."
Em sua lógica peculiar, Svartman conseguiu até juntar categorias profissionais inteiras, num recurso que ela acredita poderá ter efeitos "subliminares".
Toda a audiência de uma aula de "solteirice" na praia, numa das cenas, é composta por poetas do Rio. Da mesma maneira, juntou quase uma dezena de fotógrafos, em meio a Gerald Thomas, Bussunda e outros que ela chama afetivamente de "canalha", para compor o ror que prestigia o lançamento do "Manual do Solteiro".
Quem não for carioca e amigo da diretoria talvez não compreenda direito.

Filme: Como Ser Solteiro Direção: Rosane Svartman
Produção: Brasil (1998)
Quando: a partir de hoje, no Gemini 1, Espaço Unibanco de Cinema 4, Cinearte 2 e circuito



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