São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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Everclear faz bom rock grunge

MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

O iceberg onde o titanic Nirvana - e depois o Soundgarden-bateu e afundou vez ou outra é esbarrado por outras bandas, e não é inadvertidamente. É o caso do Everclear, em que as crostas de gelo grunge continuam lá, como que fossilizadas, se isso é possível.
Depois de "Sparkle and Fade" (95), álbum que vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, ajudou a Capitol Records a sair do buraco (e Radiohead, em 97, consolidou seus lucros) e foi considerado um pós-"Nevermind" (91), o Everclear lança "So Much for the Afterglow", que se não é lá muito original, é um bom disco de rock, com muito barulho e letras desconcertantes.
Oriunda de Portland, Oregon, a meio caminho de Seattle e Santa Monica (Califórnia), a banda faz um som idem. As letras são inegáveis crônicas da vida de Art Alexankis, que dividiu sua existência entre estúdios e clínicas de recuperação de drogados.
A faixa-título, um dos pontos altos dos disco, mescla as palmas surf music com guitarras grunge. "Father of Mine" traz as agruras que Alexankis passou com seu pai, quase justifica a submersão de Alexankis na cocaína e heroína. É de chorar de tão sincera.
Nirvana está presente nesse disco desde a mixagem (feita por Andy Wallace, que já trabalhou com a banda) até os baixos de "Everything to Everyone" (cópia deslavada de "Smells Like Teen Spirit") e da instrumental "El Disorto del Melodica" (tão igual ao de "Aneurism" que é possível ver Kurt Cobain cuspindo nas lentes da Globo enquanto a música era executada durante o Hollywood Rock de 93).
Apesar da trombada nirvânica, o Everclear não aderna nesse disco.

Disco: So Much for the Afterglow Banda: Everclear Lançamento: EMI/Capitol Quanto: R$ 18, em média


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