São Paulo, sexta, 6 de março de 1998

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Convênio com Cultura pode trazer série à TV brasileira

especial para a Folha

Depois de quase três meses de trabalho, filmando shows ao ar livre, Carnaval de rua ou mesmo visitando favelas e outros lugares pouco recomendáveis, Dominique e Billon começaram a questionar o alto grau de violência que assusta tanto a população das grandes cidades do país.
"O Brasil não é tão perigoso como os brasileiros acham", duvida a jornalista, argumentando que um relógio e alguns documentos surrupiados durante um show da banda Olodum, no Pelourinho de Salvador, foram apenas incidentes isolados durante um período tão extenso de trabalho.
As filmagens começaram no Rio de Janeiro. Diversas modalidades de samba -do pagode à bossa nova- foram flagradas pela equipe francesa, que constatou que o gênero continua em alta.
Além de acompanhar ensaios de algumas escolas de samba, incluindo a menos conhecida Paraíso do Tuiuti (que homenageou a França em seu enredo deste ano), a equipe fez entrevistas com o saxofonista Paulo Moura e com os sambistas Martinho da Vila, Beth Carvalho e Zé Ketti.
Em Salvador, segunda cidade do roteiro, a série focalizará formas musicais de origem africana -de afoxés a sambas-de-roda. Gilberto Gil, Caetano Veloso, Carlinhos Brown e Neguinho do Samba falaram sobre o assunto.
Uma boa surpresa foi a banda feminina Didá, que encantou os franceses com seus tambores e simpatia. "Além de excelentes artistas, elas são inovadoras", elogia o diretor Yves Billon.
O enfoque do documentário sobre São Paulo será um pouco diferente, não puramente musical. O trabalho visual da dupla de grafiteiros Os Gêmeos, além da "break dance" do grupo Back Spin Crew, também ajudará a revelar "a cara" da cidade.
Já no episódio filmado em Recife, o cantor e compositor Alceu Valença vai falar sobre as tradições carnavalescas de sua terra.
A série, com cinco documentários de uma hora de duração, tem estréia prevista para setembro, no canal francês TF1. Em seguida, será exibida na RFO.
Finalmente, entra na programação regular da M6, mais voltada para a música.
Convênios já definidos com a TV Cultura (SP) e a TV Educativa (RJ), que cederam imagens de seus arquivos, prometem a exibição no país, ao menos dos documentários filmados nessas cidades.
Apreciar a música popular brasileira com um tratamento diferente daquele a que estamos acostumados a ver em nossas emissoras de TV pode ser bastante saudável.
(CC)



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