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Diretores amadurecem safra de curtas
LEONARDO CRUZ
free-lance para a Folha
Até o próximo dia 30 de março,
as cópias de 40 novos curtas-metragens brasileiros devem ser entregues para a Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura. É o resultado do concurso promovido no primeiro semestre do
ano passado que premiou 40 projetos com R$ 40 mil.
Pelo regulamento, cada curta-metragista recebeu, entre os
meses de julho e agosto, R$ 28 mil,
equivalente a 70% do prêmio. O
resto do dinheiro só é entregue
quando a obra ficar pronta.
Inicialmente, o concurso exigia
que os filmes fossem finalizados
até dezembro, mas com os inúmeros pedidos de adiamento da data
de entrega, a secretaria prorrogou
o prazo até o fim deste mês.
São obras de quase todo o país,
com temas que variam desde a
adaptação de um conto de Clarice
Lispector ("Clandestina Felicidade", de Beto Normal e Marcelo
Gomes) até a reconstrução de uma
batalha na Revolução Farroupilha
("O Duelo", de Jaime Lerner).
Dos 40 projetos, alguns já estão
prontos e a maioria está em fase
final de pós-produção, passando
por montagem de negativo ou edição e mixagem de som.
"Estamos lutando contra o tempo, correndo para deixar tudo
pronto dentro do prazo", diz Marina Person. Ela prepara um documentário sobre seu pai, o também
cineasta Luís Sérgio Person.
"No Brasil, ninguém consegue
sobreviver fazendo só curta-metragem. É preciso ter outra atividade", conta Marina, que apresenta o programa "Cine MTV", da
emissora especializada em música.
Outra característica comum a
esses novos curtas-metragens é a
falta de dinheiro. Mesmo com o
prêmio do governo federal, diretores e produtores enfrentam problemas para concluir seus filmes.
"Fiz um monte de dívidas para
conseguir dar andamento ao meu
projeto", afirma Cristina Leal. Ela
prepara "Não me Condenes Antes
que me Explique", que narra a
passagem de Mário de Andrade
pelo Carnaval carioca, em 1923.
Com orçamento de R$ 100 mil, ela
continua tentando captar recursos
para tirar o filme do vermelho.
Um dos poucos trabalhos que já
está concluído é "A Árvore da Miséria", de Marcus Vilar. O filme,
rodado em preto-e-branco, é uma
adaptação de um conto popular
paraibano e estreou em João Pessoa no dia 15 de janeiro.
Para Vilar, uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos cineastas que estão fora do eixo Rio-São
Paulo é conseguir pessoal e equipamento para as filmagens. "As
câmeras e os técnicos têm de vir de
fora. Isso encarece a produção."
Com seu filme pronto, Vilar enfrenta outro problema comum entre os curta-metragistas: a distribuição. Poucas são as salas que se
dispõem a exibir curtas.
Tentando solucionar a questão,
quatro diretores mineiros premiados farão exibições conjuntas de
seus filmes. "A Hora Vagabunda",
de Rafael Conde, "Castelos de
Vento", de Tânia Anaya, "Rua do
Amendoim", de João Vargas Penna, e "Bom Dia, Senhoras", de Érika Bauer, estrearão em Belo Horizonte no final deste mês.
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