São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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Filme de Sylvio Back traz encontro fictício

especial para a Folha

Livre das verdades absolutas, o cineasta Sylvio Back diz que seu filme, "Lost Zweig", está comprometido apenas com o imaginário.
Escrito em parceria com o roteirista e produtor irlandês Nicholas O'Neill, o roteiro de "Lost Zweig" centraliza a ação na última semana de vida do escritor.
"A história começa no domingo de Carnaval", diz o cineasta, que há quase dez anos comprou os direitos do livro "Morte no Paraíso", de Alberto Dines, para transformá-lo em fonte de referência.
"Trata-se do livro mais denso e criterioso sobre a vida de Zweig", diz Back, que criou sua ficção cinematográfica após uma pesquisa de quase 20 anos.
"Sou um artista, não me prendo ao rigor jornalístico. Achei pertinente juntar dois gringos, Zweig e Orson Welles, que amaram perdidamente o Brasil, mas nunca se encontraram."
Segundo Back, o Carnaval brasileiro dos anos 40 será mostrado pela primeira vez no cinema brasileiro por meio de seu filme.
Para reconstituir os ambientes de 1942, Sylvio Back convidou a carnavalesca Rosa Magalhães, da escola de samba Imperatriz Leopoldinense.
Orçado em R$ 3 milhões, "Lost Zweig" será patrocinado pelo Banespa e pela TV Cultura.
Por enfocar personagens cosmopolitas, que se comunicavam em línguas estrangeiras, o filme de Sylvio Back será todo falado em inglês.
"Os atores brasileiros falarão o inglês possível à habilidade deles", explica Back, que pretende incluir três atores estrangeiros, ainda não confirmados, num elenco predominantemente brasileiro.
Filho de um judeu húngaro que se suicidou, Back não conviveu com o pai, que se separou de sua mãe quando ele tinha um ano de idade. No entanto, o mistério do suicídio sempre o intrigou.
"O suicídio é um gesto insondável, é como um vírus, nasce com a pessoa. Zweig chegou a convidar sua primeira mulher, Friderike Maria von Winternitz, para se suicidar junto com ele. Ela não concordou e ele acabou desistindo."
Explorando as sugestões e sem se fixar em qualquer vertente, Back diz que pretende, apenas, deixar o espectador atônito.
(AFP)


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