São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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CINEMA/ESTRÉIAS

"PROVA DE VIDA"

O diretor Taylor Hackford fala à Folha sobre o filme e o famoso bastidor do caso entre Crowe e Ryan

Romance entre estrelas ajuda bilheteria

DA REPORTAGEM LOCAL

De um artigo da revista americana "Vanity Fair", sobre a alarmante indústria do sequestro em países pobres, nasceu "Prova de Vida", thriller hollywoodiano que estréia hoje no Brasil e foi filmado em uma selva do Equador.
O diretor Taylor Hackford (do filme "O Advogado do Diabo") levou apenas um ano entre ler o artigo e estrear nos EUA essa produção, que pegou fama nos bastidores por causa do romance entre a atriz Meg Ryan e a estrela Russell Crowe, de "Gladiador".
Em uma passagem pelo Brasil em março, para divulgar o filme, Taylor Hackford conversou com a Folha sobre o filme, sobre sequestros e sobre o casal. (LR)

Folha - Como foi filmar em uma selva equatoriana, uma vez que Hollywood não costuma arriscar empreitadas como essa?
Taylor Hackford -
É verdade. Hollywood nunca tenta o incerto. Eles sempre repetem algo que já fizeram antes. Para uma situação como essa, eles costumam filmar no México ou na Venezuela. Insisti no Equador porque queria estar perto dos Andes para fazer algo diferente do padrão. E a Venezuela, no período de filmagem, tinha previsão de péssimo tempo.

Folha - Como astros do nível de Russell Crowe e Meg Ryan reagiram a essa sua filosofia de filmar em uma floresta na América do Sul, cenário pouco familiar às estrelas?
Hackford -
Normal. Eles sabiam que iriam para lá quando assinaram o contrato. Expliquei que o filme trata de uma realidade difícil, de ser levado para lugares difíceis. Com eles, não tive problemas. Difíceis eram os agentes...

Folha - Como foi seu trabalho de pesquisa para o filme, as conversas com sequestrados e suas famílias...
Hackford -
Ele durou seis meses. Não foi difícil achar sequestrados e famílias. Quem passa por uma experiência extrema como essa fica sem entender a mecânica de tudo, porque está encarcerado. Aí, pessoas sequestradas começam a procurar umas às outras.

Folha - E com negociadores? Você conversou com eles?
Hackford -
Sim, em Londres, que é onde existem organizações secretas treinadas para cuidar apenas de sequestros internacionais. São agentes que vêm da polícia ou do Exército. Cansados de ganhar pouco nesses postos, eles passam a trabalhar para uma elite dentro de companhias de seguros.

Folha - Russell Crowe e Meg Ryan iniciaram um romance atrás das câmeras, durante as filmagens. Foi difícil administrar isso?
Hackford -
Não. Eles foram muito discretos. Demorei para saber que eles estavam namorando. Trabalhávamos muito duro durante o dia. À noite, eu não queria saber onde os atores iam.

Folha - Você acha que esse namoro fez crescer a bilheteria do filme?
Hackford -
Acho que ajudou. Se esse romance levou as pessoas ao cinema para ver meu filme, por mim, tudo bem.

Folha - Houve alguma mudança na direção da trama de algum modo, por causa do romance? Havia uma clara tensão entre os dois na trama que não acabou bem resolvida.
Hackford -
Digamos que, na hora da edição, eu acabei privilegiando algumas cenas em detrimento de outras.


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