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CENTENÁRIO
Seminário no Rio e evento na USP marcam os cem anos do autor de "Raízes do Brasil"
Sérgio Buarque é tema de eventos literários
DA REPORTAGEM LOCAL
Historiador e crítico literário,
advogado de formação, "pai do
Chico", como ele mesmo se denominava, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) completaria,
em 11 de julho deste ano, seu centenário. Autor de um dos principais escritos sobre a formação
histórica do país, "Raízes do Brasil" (1933), Sérgio Buarque é celebrado, hoje e amanhã, em seminário da Biblioteca Nacional, no
Rio de Janeiro.
"Visão do Paraíso" (1959) -volume originalmente concebido,
em 1958, como estudo universitário do já consagrado autor- é tema da primeira palestra de "Repensando o Brasil com Sérgio
Buarque de Holanda", a cargo do
professor Luiz Costa Lima, às
14h30. O seminário, gratuito e
aberto ao público, é o quarto do
ciclo "O Brasil e Seus Intérpretes",
que já abordou o abolicionista
Joaquim Nabuco, o escritor
Euclydes da Cunha e o crítico literário Sílvio Romero.
Beatriz Resende, 53 -pesquisadora do Programa Avançado de
Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro que, com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Eduardo Portella, coordena o evento-,
explica que cada seminário do ciclo busca ser, em lugar de uma
"introdução ao pensamento de",
uma oportunidade para lançar
"um viés crítico da obra e analisar
a permanência do pensamento
dos autores".
No caso de Sérgio Buarque, um
ponto crucial deve ser a questão
do iberismo em sua obra, ajudando a compreender a situação atual
da América Latina no contexto
mundial, "o que é você pensar,
hoje, fora do pensamento hegemônico eurocêntrico".
A pesquisadora lembra, ainda,
outro ponto que norteará os trabalhos do encontro: a questão da
"vida literária" do autor -assunto da palestra "Modéstia, Perseverança e Boêmia: Sérgio Buarque
na Universidade", conduzida pelo
sociólogo Robert Wegner amanhã, às 14h30.
Beatriz Resende ressalta o aspecto multidisciplinar do encontro, que reúne estudiosos de letras, economia, sociologia e antropologia, buscando refletir "a
abrangência intelectual de Sérgio
Buarque". É nesse sentido, por
exemplo, que o seminário deve
enfocar "Visão do Paraíso" como
obra literária, não só como depositário do pensamento" do autor,
na palestra inaugural.
Por fim, Resende chama atenção para o fato de que o seminário
"acontece no Rio, e não na USP
[Universidade de São Paulo", onde ele teve a maturidade. Foi aqui
que a vida intelectual dele começou, embora ele academicamente
se realize em São Paulo".
O resultado dos trabalhos do
encontro renderá, como nos três
anteriores, número especial da revista "Tempo Brasileiro" e, futuramente, reunido aos outros pensadores do ciclo "O Brasil e Seus
Intérpretes", deve virar livro.
A Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da USP
(FFLCH), cuja cátedra de história
do Brasil Sérgio Buarque assumiu
em 1956, não poderia, porém, deixar de estar presente nas comemorações do centenário.
Para tanto está sendo organizado um evento, marcado para 6 de
julho, no Centro de Estudos Universitários Maria Antonia, onde
funcionava, à época de Sérgio
Buarque, a FFLCH. O encontro,
apoiado pela editora Companhia
das Letras -de cujo catálogo
consta "Raízes do Brasil"-, já
tem confirmados entre seus participantes o crítico literário Antonio Candido e o historiador Fernando Novais.
(FRANCESCA ANGIOLILLO)
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