São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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CENTENÁRIO

Seminário no Rio e evento na USP marcam os cem anos do autor de "Raízes do Brasil"

Sérgio Buarque é tema de eventos literários

DA REPORTAGEM LOCAL

Historiador e crítico literário, advogado de formação, "pai do Chico", como ele mesmo se denominava, Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) completaria, em 11 de julho deste ano, seu centenário. Autor de um dos principais escritos sobre a formação histórica do país, "Raízes do Brasil" (1933), Sérgio Buarque é celebrado, hoje e amanhã, em seminário da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro.
"Visão do Paraíso" (1959) -volume originalmente concebido, em 1958, como estudo universitário do já consagrado autor- é tema da primeira palestra de "Repensando o Brasil com Sérgio Buarque de Holanda", a cargo do professor Luiz Costa Lima, às 14h30. O seminário, gratuito e aberto ao público, é o quarto do ciclo "O Brasil e Seus Intérpretes", que já abordou o abolicionista Joaquim Nabuco, o escritor Euclydes da Cunha e o crítico literário Sílvio Romero.
Beatriz Resende, 53 -pesquisadora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea da Universidade Federal do Rio de Janeiro que, com o presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Eduardo Portella, coordena o evento-, explica que cada seminário do ciclo busca ser, em lugar de uma "introdução ao pensamento de", uma oportunidade para lançar "um viés crítico da obra e analisar a permanência do pensamento dos autores".
No caso de Sérgio Buarque, um ponto crucial deve ser a questão do iberismo em sua obra, ajudando a compreender a situação atual da América Latina no contexto mundial, "o que é você pensar, hoje, fora do pensamento hegemônico eurocêntrico".
A pesquisadora lembra, ainda, outro ponto que norteará os trabalhos do encontro: a questão da "vida literária" do autor -assunto da palestra "Modéstia, Perseverança e Boêmia: Sérgio Buarque na Universidade", conduzida pelo sociólogo Robert Wegner amanhã, às 14h30.
Beatriz Resende ressalta o aspecto multidisciplinar do encontro, que reúne estudiosos de letras, economia, sociologia e antropologia, buscando refletir "a abrangência intelectual de Sérgio Buarque". É nesse sentido, por exemplo, que o seminário deve enfocar "Visão do Paraíso" como obra literária, não só como depositário do pensamento" do autor, na palestra inaugural.
Por fim, Resende chama atenção para o fato de que o seminário "acontece no Rio, e não na USP [Universidade de São Paulo", onde ele teve a maturidade. Foi aqui que a vida intelectual dele começou, embora ele academicamente se realize em São Paulo".
O resultado dos trabalhos do encontro renderá, como nos três anteriores, número especial da revista "Tempo Brasileiro" e, futuramente, reunido aos outros pensadores do ciclo "O Brasil e Seus Intérpretes", deve virar livro.
A Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (FFLCH), cuja cátedra de história do Brasil Sérgio Buarque assumiu em 1956, não poderia, porém, deixar de estar presente nas comemorações do centenário.
Para tanto está sendo organizado um evento, marcado para 6 de julho, no Centro de Estudos Universitários Maria Antonia, onde funcionava, à época de Sérgio Buarque, a FFLCH. O encontro, apoiado pela editora Companhia das Letras -de cujo catálogo consta "Raízes do Brasil"-, já tem confirmados entre seus participantes o crítico literário Antonio Candido e o historiador Fernando Novais.
(FRANCESCA ANGIOLILLO)



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