São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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BARBARA GANCIA

Marcos Mion é coisa nossa!

Sei que nosso assunto aqui é televisão, mas me permita desviar a atenção por um minutinho para falar de uma espinha de peixe que está atravessada na minha garganta.
Queria entender por que as entradas para os shows que Caetano Veloso fará no Olympia, nos próximos dias 10 e 11 de maio, serão vendidas por preços que variam entre R$ 80 e R$ 160.
Se ainda fosse uma megabanda internacional, que custa para trazer, hospedar e para ter o equipamento transportado, eu entenderia. Mas pagar até R$ 160 para assistir a um artista da terrinha, que provavelmente vai chegar à cidade pela ponte aérea e que irá se apresentar em uma casa de shows para lá de decadente, onde ultimamente até arrastões andam ocorrendo, parece-me um tico exagerado.
Note que estamos falando de um artista que vive se dizendo preocupado com o social e que posa de despojado. Se alguém puder me iluminar, eu agradeço imensamente.

Recebi uma longa mensagem do apresentador Marcos Mion, em que ele reclama, com elegância, de que a imprensa só faz apontar erros e nunca os acertos de seu programa, "Descontrole".
De fato, visto a carapuça. Mas verdade seja dita: Mion é um sujeito talentoso, inteligente e de ótima presença. A molecada se afina com ele, e ele ainda tem muita coisa boa a mostrar. Acontece que "Descontrole" não faz jus à sua capacidade.
Não vou citar trechos da carta que ele me enviou, pois foi uma correspondência particular. Mas posso garantir que, por mais brincalhão que pareça, Mion encara seu trabalho com seriedade e é um profissional sincero, com a melhor das boas intenções, ao contrário da grande maioria de escroques que domina a telinha, sempre dispostos a ganhar um troco, sem ter o menor compromisso ou respeito pelo telespectador.
É por gente como Mion que devemos torcer. Mas, por enquanto, ele ainda está nos devendo.

O Brasil foi bem representado pelo secretário dos Direitos Humanos, Paulo Sérgio Pinheiro, no programa de entrevistas da BBC Internacional, "Hard Talk", com Tim Sebastian.
Conhecido por ser um dos entrevistadores mais duros da TV, Sebastian colocou o secretário contra a parede, com dados muito bem apurados sobre a injustiça que reina neste país.
Pinheiro enfrentou a sabatina com a mesma categoria que FHC costuma exibir nas viagens ao exterior. Pena que a vida real seja feita de gente como Jader, Inocêncio e Estevão.

E-mail: barbara@uol.com.br

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