LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Está marcado na carteira de trabalho. O primeiro registro profissional de Inezita Barroso é de janeiro de 1954. Foi contratada como cantora da TV Record.
Ela achou o documento dia desses, depois de uma busca inspirada pela comemoração do cinquentenário da emissora (fundada em setembro de 1953).
"Fui a primeira cantora contratada da Record. Durante sete anos, tive um programa semanal, toda sexta, às 20h, em que cantava seis músicas ao vivo. Naquela época, o que não faltava era patrocínio", lembra-se Inezita.
Aos 78 anos, a "rainha caipira" se gaba: "Nunca menti a idade nem estiquei a cara". E inicia uma nova fase profissional: o "Viola, Minha Viola", que apresenta há 23 anos na TV Cultura, irá viajar para o interior paulista.
Depois de seis meses de reprises, o programa volta inédito amanhã, às 20h, com o primeiro "passeio" do novo projeto. A gravação aconteceu na semana passada, às margens do rio Piracicaba. Foi certeira a escolha da cidade, que em seu roteiro "caipirístico" tem nada menos que uma ponte batizada de Tião Carreiro.
O último "tour" do "Viola" havia sido em meados de 1985, segundo seu diretor, Rivaldo Corulli. "Na verdade, a Inezita pegou uma carona com outra atração da Cultura, o "Cidade Faz o Show"."
Depois disso, as gravações ficaram restritas ao teatro Franco Zampari, em SP. Agora, a idéia é viajar pelo menos uma vez por mês. A próxima será Araras.
E como esse "sonho" antigo finalmente pôde virar realidade? "Parcerias com prefeituras", conta Corulli. Para divulgar a região, secretarias municipais de cultura e/ou de turismo proporcionam a infra-estrutura para a equipe, com transporte, hospedagem etc.
Não é como a fartura do início da TV, quando não faltava verba de anunciante. Mas Inezita reconhece que os tempos atuais têm uma vantagem: "Hoje, música caipira deixou de ser palavrão".