DA REDAÇÃO

Projeto iniciado em 1987 e só no ano passado finalizado, "Garotas do ABC", de Carlos Reichenbach, ganha sua primeira exibição ao público de São Paulo ao abrir hoje à noite a programação de "São Paulo - Cidade das Mulheres".
O filme chega à cidade logo após ter sido exibido em Olinda, durante o Cine PE - Festival do Audiovisual, em sessão ocorrida ontem e acompanhada pelo diretor.
"Não pude voltar a São Paulo antes como tinha planejado, já que 3.000 pessoas estavam prestigiando as projeções. Tive de assistir à reação ao meu filme", disse.
Com previsão de lançamento comercial em julho, seu mais recente longa retrata o cotidiano feminino de um grupo de operárias em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. "É sobre dez protagonistas femininas, mas pensado a partir da idéia do coletivo mulher. Mesmo quando o filme fecha na história de uma personagem, há sempre um grupo em torno -familiar, de trabalho ou de amigos", explica, para em seguida definir: "É um tratado sobre o trabalho e sobre o tempo livre, que é o único que pode ser revolucionário. Considero este um filme essencialmente marxista".
Estranho no ninho, Reichenbach é o único homem dentro de uma mostra em que a mulher é vista basicamente pelas lentes de diretoras (em "Terra Estrangeira" Walter Salles divide a direção com Daniela Thomas). Contudo ele diz que isso não o surpreende. "Sempre fui considerado um "cineasta da alma feminina", tanto aqui quanto no exterior."
A exibição também é uma homenagem à responsável pela produção do longa, Sara Silveira, que comparece com outros três filmes no festival: "Bicho de Sete Cabeças", "Durval Discos" e "Alô".
"Garotas" é o único inédito da programação, que segue até o dia 13 e ainda conta com "Uma Vida em Segredo", "Através da Janela", "Narradores de Javé" e "Terra Estrangeira". (LVR)


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