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Nelson Rufino e Roque Ferreira dão vida própria a seus sambas
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Encontrar quem conheça Nelson Rufino, 61, é tão difícil quanto
encontrar quem nunca tenha ouvido "Verdade", sucesso de Zeca
Pagodinho: "Descobri que te amo
demais/ Descobri em você minha
paz". A mesma fórmula vale para
Roque Ferreira, 55, autor de
"Samba pras Moças", outro hit de
Zeca: "Incandeia, incandeia/ Meu
candiá".
Mas os baianos Rufino e Ferreira são dois dos principais compositores de sambas do país. Seus
nomes estão em discos de Clara
Nunes, Roberto Ribeiro, Beth
Carvalho, Martinho da Vila, Jorge
Aragão, Fundo de Quintal. Outros sucessos recentes de Zeca são
deles: "Água da Minha Sede" (de
Ferreira, em parceria com Dudu
Nobre) e "Pago pra Ver" (de Rufino e Toninho Geraes).
Simultaneamente, Rufino e Ferreira estão dando a partida numa
nova fase de suas carreiras ao lançarem discos como cantores.
"Tem Samba no Mar" (Biscoito
Fino/Acari) é o primeiro de Ferreira. Rufino já gravara em 1992 o
independente "Viva Meu Samba"
e, em 2000, pela Som Livre, o álbum de duetos "A Verdade de
Nelson Rufino", mas ambos passaram despercebidos.
"Quando gravadas por outros
cantores, algumas músicas não
renderam o esperado. "Por Todos
os Santos", por exemplo, entrou
na "rabeira" de um disco do Fundo
de Quintal. Agora está com mais
destaque. Então, o que significa o
compositor gravar essas músicas?
Tentar passar a emoção e o lirismo com que elas foram feitas. A
proposta de Nelson Rufino é essa", diz Rufino, afeito à terceira
pessoa do singular.
Antes dos sucessos de Zeca, a fase mais popular de Rufino tinha
acontecido nos anos 70, quando
Roberto Ribeiro (1940-96) emplacou sambas como "Todo Menino
É um Rei". Na época, ainda trabalhava como metalúrgico, ofício
que exerceu por 21 anos.
Há 19 perdeu o emprego e iniciou a batalha para viver de música. Conseguiu principalmente
graças às suas boas relações com
os sambistas cariocas. Tem parcerias com Martinho da Vila, Jorge
Aragão, Zeca, Zé Luiz. Entre as 14
faixas de "Cadê Meu Amor", Rufino só incluiu um samba que fez
relativo sucesso nacional: "Tempo Ê" (feito com Zé Luiz), gravado por Roberto Ribeiro.
Ferreira fez a mesma opção. Seu
único sucesso em "Tem Samba no
Mar" é "Samba pras Moças", mas
registrado em andamento muito
mais lento do utilizado por Zeca.
O restante do CD é inédito e conceitual: sambas de roda, cocos,
chulas, galopes, ritmos que são típicos da região de Nazaré das Farinhas (BA), cidade de Ferreira.
"Gravei as coisas que gosto de
fazer", diz Ferreira, publicitário
por 20 anos e há dez vivendo de
música. "O que componho para
outros cantores é mais romântico,
porque do contrário as gravadores bloqueiam. Mas, curiosamente, foi o sucesso de "Samba pras
Moças", um samba de roda, que
abriu espaço para mim."
TEM SAMBA NO MAR. Artista: Roque
Ferreira. Lançamento: Biscoito Fino/
Acari. Quanto: R$ 20.
CADÊ MEU AMOR. Artista: Nelson
Rufino. Lançamento: Atração. Quanto:
R$ 20.
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