São Paulo, sexta, 6 de junho de 1997.



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MÚSICA
Ex-líder da banda Guanabaras dá seu primeiro disco solo de brinde em minitemporada no teatro Piccolo
Mattoli traz samba-rock em show-CD

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Mattoli, ex-líder da banda Guanabaras, farol solitário do samba-rock brasileiro nos anos 90, entra em cartaz na cidade hoje bagunçando a distinção habitual entre show e disco.
Quem pagar R$ 18 para assistir ao show levará de presente seu primeiro CD solo, "Balanço Bom É Coisa Rara", lançado em novembro no Japão e ainda inédito no Brasil -por falta de interesse das gravadoras de cá.
O músico paulistano dribla assim o descaso do mercado fonográfico de seu país por seu trabalho -prensou uma tiragem de 1.000 exemplares só para a ocasião-, num show de não-lançamento de seu CD.
A tiragem ficará à disposição também após a minitemporada (de dois dias): o disco pode ser adquirido pela Internet (leia endereço abaixo).
Mattoli, 32, diz que vem de longe seu amor pelo gênero. "Estive enfiado no samba desde moleque, com os discos do Jorge Ben nos anos 70."
A Ben (hoje Ben Jor) tem se dado o crédito de inventor do gênero, que funde os instrumentos típicos do samba a guitarra, baixo e bateria roqueiros.
Mattoli, no entanto, levanta a bandeira de um outro artista, bem menos conhecido que Ben Jor.
"Branca di Neve, um grande percussionista que começou a cantar, foi praticamente quem inventou o samba-rock moderno. Sua morte, no fim dos anos 80, interrompeu o gênero", afirma o ex-líder da Guanabaras. "Jorge Ben já não faz samba-rock há uns dez anos."
De Branca, ele retira fatia nobre do repertório de seu show, com músicas como "Kid Brilhantina" (de Bedeu e Alexandre) e uma versão samba-rock de "Nego Dito", de Itamar Assumpção.
Além disso, há canções do disco solo e semi-sucessos dos extintos Guanabaras, como "Correndo ao Encontro Dela" e "Preciso Falar com Você".
Herdeiro da tradição de popularidade de Jorge Ben, Mattoli tenta explicar sua não-absorção pelo mercado dos 90: "Acho que é samba demais para ser MPB, sofisticado demais para o marketing do pagode e negro demais para ser pop".
A despreocupação com a invenção atua também nesse sentido. Explicando o título de seu CD, Mattoli dá a chave do gênero a que se filia.
"É comum se dizer que no samba-rock não existe novidade, existe raridade." Não é caso de lamento. "É um predicado artístico", finaliza.

Show: Balanço Bom É Coisa Rara Artista: Mattoli Onde: Teatro Piccolo (r. Girassol, 323, Vila Madalena, tels. 011/870-5876 e 870-5884) Quando: hoje e amanhã, às 22h Quanto: R$ 18 (dá direito ao CD "Balanço Bom É Coisa Rara", de Mattoli)




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