|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MÚSICA
Ex-líder da banda Guanabaras dá seu primeiro disco solo de brinde em minitemporada no teatro Piccolo
Mattoli traz samba-rock em show-CD
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Mattoli, ex-líder da banda Guanabaras, farol solitário do samba-rock brasileiro nos anos 90, entra em cartaz na cidade hoje bagunçando a distinção habitual entre show e disco.
Quem pagar R$ 18 para assistir
ao show levará de presente seu primeiro CD solo, "Balanço Bom É
Coisa Rara", lançado em novembro no Japão e ainda inédito no
Brasil -por falta de interesse das
gravadoras de cá.
O músico paulistano dribla assim o descaso do mercado fonográfico de seu país por seu trabalho
-prensou uma tiragem de 1.000
exemplares só para a ocasião-,
num show de não-lançamento de
seu CD.
A tiragem ficará à disposição
também após a minitemporada
(de dois dias): o disco pode ser adquirido pela Internet (leia endereço abaixo).
Mattoli, 32, diz que vem de longe
seu amor pelo gênero. "Estive enfiado no samba desde moleque,
com os discos do Jorge Ben nos
anos 70."
A Ben (hoje Ben Jor) tem se dado
o crédito de inventor do gênero,
que funde os instrumentos típicos
do samba a guitarra, baixo e bateria roqueiros.
Mattoli, no entanto, levanta a
bandeira de um outro artista, bem
menos conhecido que Ben Jor.
"Branca di Neve, um grande
percussionista que começou a
cantar, foi praticamente quem inventou o samba-rock moderno.
Sua morte, no fim dos anos 80, interrompeu o gênero", afirma o
ex-líder da Guanabaras. "Jorge
Ben já não faz samba-rock há uns
dez anos."
De Branca, ele retira fatia nobre
do repertório de seu show, com
músicas como "Kid Brilhantina"
(de Bedeu e Alexandre) e uma versão samba-rock de "Nego Dito",
de Itamar Assumpção.
Além disso, há canções do disco
solo e semi-sucessos dos extintos
Guanabaras, como "Correndo ao
Encontro Dela" e "Preciso Falar
com Você".
Herdeiro da tradição de popularidade de Jorge Ben, Mattoli tenta
explicar sua não-absorção pelo
mercado dos 90: "Acho que é
samba demais para ser MPB, sofisticado demais para o marketing do
pagode e negro demais para ser
pop".
A despreocupação com a invenção atua também nesse sentido.
Explicando o título de seu CD,
Mattoli dá a chave do gênero a que
se filia.
"É comum se dizer que no samba-rock não existe novidade, existe raridade." Não é caso de lamento. "É um predicado artístico", finaliza.
Show: Balanço Bom É Coisa Rara
Artista: Mattoli
Onde: Teatro Piccolo (r. Girassol, 323, Vila
Madalena, tels. 011/870-5876 e 870-5884)
Quando: hoje e amanhã, às 22h
Quanto: R$ 18 (dá direito ao CD "Balanço
Bom É Coisa Rara", de Mattoli)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|