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CARTUM
Sete desenhistas de cada país comemoram com humor os 500 anos do Descobrimento, em exposição no MIS do Rio
Brasil e Portugal juntam traços em mostra
DA REPORTAGEM LOCAL
Cartunistas de cá e "cartoonistas" (como eles grafam os desenhistas do ramo) de lá, Brasil e
Portugal juntam os traços na
Mostra de Humor Luso-Brasileiro - Brasil 500 Anos, que abre hoje
no Museu da Imagem e do Som
(MIS), no Rio de Janeiro.
São 56 trabalhos concebidos
por sete cartunistas brasileiros e
outros sete portugueses. O tema
comum é o Descobrimento.
A mostra começou em maio
passado, na galeria de artes do Casino Estoril, a 25 km de Lisboa,
onde permaneceu em cartaz durante apenas 12 dias.
Pode ser vista no Rio até final de
agosto, seguindo depois para Recife, São Paulo, Brasília, Salvador,
Belo Horizonte e Porto, no início
de 2001, fechando o ciclo em território português.
"Como os brasileiros, que gostam de piada, os portugueses
também adoram uma anedota",
afirma o cartunista António Antunes, 47, responsável pela curadoria do escrete do país de Pedro
Álvares Cabral.
Com ele, Antunes, vieram o
mais jovem dos desenhistas conterrâneos, André Carrilho, 26, e
Cristina Sampaio, 40, única mulher participante de um universo
dominado pelos homens.
João Abel Manta, 72, da velha
guarda, mais Vasco, Cid e Maia,
estes com mais de duas décadas
de cartum na imprensa portuguesa, não puderam viajar.
Os desenhos evocam aspectos
como futebol, Carnaval, telenovela e personalidades tupiniquins
como Jorge Amado, Vinicius de
Moraes e os balangandãs da cantora Carmen Miranda, em contraponto à introspecção de Amália Rodrigues.
"Às vezes eles são mais agudos
sobre o Brasil do que a gente", reconhece Paulo Caruso, 50, que encabeça o time formado por Millôr
Fernandes, Ziraldo, Jaguar, Chico
Caruso, Aroeira e Lailson.
A crítica social e política dá o
tom na prancheta brasileira, com
dizimação indígena, corrupção,
instituição da "pizza" e, claro, "a
unidade territorial e a unanimidade nacional", na definição de Ziraldo para a bunda.
Flexibilidade
Na opinião do português Antunes, a escolha de um tema pode
restringir o potencial criativo. "Os
500 anos do Brasil compõem para
a gente uma realidade do passado,
daí a nossa flexibilidade maior
comparada à impulsão natural
dos colegas brasileiros quando
tratam do assunto", explica.
Antunes expôs pela primeira
vez no Rio em 1993. Para ele, a
Mostra de Humor Luso-Brasileiro é o evento mais representativo
da ligação entre os cartunistas.
"Até então, o contato se dava por
meio de mostras individuais.
Agora, temos uma representação
coletiva que reflete um intercâmbio concreto", diz.
A mostra foi idealizada pela Galeria de Arte Casino Estoril e pela
Fundação Museu da Imagem e do
Som do Rio.
Na abertura para convidados,
ontem à noite, aconteceria o show
"A Redescoberta do Brasil", com
o Conjunto Nacional, nome do
grupo musical (e humorístico) capitaneado pelos irmãos Caruso e
pelos colegas Aroeira e Luiz Fernando Verissimo.
(VALMIR SANTOS)
Exposição: Mostra de Humor Luso-Brasileiro - 500 Anos de Brasil
Quando: segunda a sexta, das 13h às
18h. Até final de agosto
Onde: Museu da Imagem e do Som no
Rio de Janeiro (praça Rui Barbosa, 1,
região central da cidade, tel. 0/xx/21/
262-0309)
Quanto: entrada franca
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