São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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Zé Celso diz que peças ainda são comerciais

font size=-1> da Agência Folha, em Salvador

Considerado um dos maiores diretores do teatro brasileiro, José Celso Martinez Corrêa, 61, elogia o teatro baiano, mas acredita que suas produções estão presas à "linha comercial".
"O teatro baiano é muito bom e apresenta uma forma de humor especial, mas precisa investir mais em sua função política e social", diz Zé Celso.
Segundo o diretor, não basta levar aos palcos os signos da baianidade -como a forma característica de falar e andar-, mas é preciso reunir nos espetáculos os vários elementos da cultura local.
Candomblé
A comédia com os símbolos da cultura regional está presente em grande parte dos espetáculos baianos, especialmente em "Os Cafajestes" e "A Bofetada" -maiores sucessos de público entre as produções locais nos últimos cinco anos.
"Gosto do teatro tirado da rua, inventivo e original, como a Bahia faz, mas o Estado tem elementos culturais valiosos, que precisam ser popularizados, como ocorre com o candomblé e o Carnaval", afirma o diretor.

"Zumbi"

José Celso diz que o Estado já produz algumas peças mais "densas", com enredos que representam bem as tradições e a cultura locais.
Ele cita o espetáculo "Zumbi" como exemplo da linha que as produções devem seguir.
Dirigido pelo baiano Márcio Meirelles, "Zumbi" conta a história do líder do quilombo dos Palmares, que dirigiu a resistência dos negros fugidos do cativeiro no século 17.
Inicialmente, o espetáculo foi apresentado no Brasil pelo Bando de Teatro Olodum.
Depois, "Zumbi" foi montado em Londres por Márcio Meirelles e pela diretora do Lift (London International Festival of Theater), somente com atores negros ingleses.
"A Bahia tende a ter um teatro tão forte quanto sua música. É preciso juntar seus elementos culturais em grandes enredos, chamando a atenção de todo o público brasileiro", diz Zé Celso. (CG)



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