São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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Romance relembra Belém da 2ª Guerra

LUÍS INDRIUNAS
da Agência Folha, em Belém

Base para abastecimento da frota aérea norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial, a cidade de Belém (PA) viu seu cotidiano mudar completamente nos anos do conflito.
Interessado nessa história pouco conhecida, o escritor belenense Amaury Braga Dantas, 39, decidiu contar no romance "Anjos da Escuridão" um pouco dela.
Em 1995, Dantas começou a coletar material em livros, revistas e jornais das décadas de 30 e 40. O escritor também ouviu depoimentos de mais de 20 pessoas que viviam em Belém na ocasião.
"Pensei em falar da época da borracha, mas acabei achando que os acontecimentos da Segunda Guerra ainda eram pouco explorados", disse o escritor.
"Anjos da Escuridão" conta a história de três amigos adolescentes -um paraense do interior, um filho de comerciante rico e um filho de imigrante italiano. Por meio desses personagens, Dantas mostra como a vinda dos norte-americanos influenciou o cotidiano da cidade.
A capital paraense estava acostumada a receber na pista de seu aeroclube apenas um avião por semana. Com a vinda dos americanos, o número subiu para 300.
Aos poucos, elementos da língua inglesa foram sendo incorporados no dia-a-dia. "O engraxate aprendeu a dizer "thank you' e o americano, a pedir açaí", explica.
A presença dos soldados também acabou trazendo tensão. O estado de sítio foi decretado na cidade. A partir das 20h, era proibido acender qualquer luz -mesmo de vela-, e em cada quarteirão havia um fiscal.
O nome do romance foi dado por um dos personagens do submundo de Belém, um boêmio que, bêbado, confundia os fiscais com seres celestiais. "Na sua loucura, eles eram os anjos da escuridão", conta o escritor.

Livro: Anjos da Escuridão Lançamento: Sagrada Família Quanto: R$ 25 Como encontrar: pelo telefone (091) 223-8854


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