São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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ARTES PLÁSTICAS
MIS exibe raridades de Barros

Auto-retrato do artista feito em Santos, quando tinha 26 anos, em 49 CAMILA VIEGAS
da Reportagem Local

A homenagem a Geraldo de Barros que começa hoje, às 20h, no Museu da Imagem e do Som (MIS), mostra a parte menos conhecida da obra do artista concretista que morreu, aos 75 anos, em abril de embolia pulmonar.
Trata-se de 31 fotografias da série "Fotoformas", produzidas entre 1948 e 1951, dos seis exemplares do jornal bimestral "Rex Time" - realizado pela Rex Gallery, que fundou em 1966 com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Zé Resende, Frederico Jayme Nasser e Carlos Fajardo - e do design, presente em cartazes e nos móveis da fábrica Hobjeto.
A exposição é formada por obras pertencentes ao acervo do MIS. Barros fez três doações ao museu. A primeira delas foi no início dos anos 80, quando doou duas telas que retratavam os personagens do seriado "O Gordo e o Magro", com linguagem da pop art e dos cartazes publicitários da época.
Durante a década de 70, Barros tinha como alvo a comunicação de massas e desenvolveu algumas dessas pinturas para retomar o concretismo, desligado da formalidade do movimento, apenas na década seguinte.
A segunda doação ocorreu em 1989, quando o MIS, que na época era dirigido pelo arquiteto Ricardo Ohtake, começou a colecionar obras gráficas. As fotografias foram incorporadas ao acervo cinco anos mais tarde.
Para esta exposição, a família do artista doou dois quadros da fase em que compunha o espaço com lâminas de fórmica, na década de 80. Sua última produção, realizada entre março de 1996 e dezembro de 1997, retomava a fotografia cujos negativos recortava, sobrepunha, desenhava com ponta seca e nanquim e transfigurava o caráter documental da técnica. Mas essas fotos só poderão ser vistas em outubro de 1999 no museu Ludwig, na Alemanha, por causa de um acordo realizado com a família.
A obra do artista é tão variada e importante no cenário artístico nacional que a homenagem poderia ser mais cuidada. A montagem no primeiro andar do museu está precária e desvaloriza a nobre intenção da mostra. Há grandes espaços vazios que poderiam dar espaço a obras de outros colecionadores, como as pinturas a óleo ou os móveis da Hobjeto.
Na época em que o artista doou as obras ao museu, este era seu espaço cultural preferido. Hoje, o MIS parece não ser capaz de mostrar sua coleção com dignidade.

Exposição: Geraldo de Barros, uma Homenagem Onde: Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, 1º andar, Jardim Europa, tel. 011/881-4417) Quando: hoje, às 20h. De terça a domingo, das 14 às 22 horas. Até 16 de agosto Quanto: grátis


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