São Paulo, Terça-feira, 06 de Julho de 1999
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DISCO - LANÇAMENTOS
Natacha e Lokua unem etnia e poesia



"Gedida" e "3", novos CDs de Natacha Atlas e Lokua Kanza, primam pela fidelidade ao sincretismo cultural
CELSO FIORAVANTE
da Reportagem Local

As trajetórias do zairense Lokua Kanza e da belga Natacha Atlas se cruzam novamente no Brasil.
Os dois, que voltam agora ao país em seus novos CDs, "3" e "Gedida", estiveram no país em 1997, como "perfumaria" de grandes eventos musicais. Kanza cantou no Heineken Concerts. Atlas se apresentou no Free Jazz.
Desde então, Kanza sonha em voltar ao país, algo que poderia concretizar em outubro, em concertos em Salvador, Rio e São Paulo. "Gostaria muito, mas os shows ainda devem ser confirmados", disse à Folha.
Kanza também sonha em aprofundar sua relação com a música brasileira. Ele já participou em uma faixa do CD "Beleza Mano", de Chico César, mas quer mais. "Eu adoraria colaborar ainda mais com a produção brasileira, com gente como Maria Bethânia e Marisa Monte."
Ambos estão bem adequados ao sincretismo racial e musical reinante no Brasil.
Natacha é belga, filha de uma família de sefarditas (judeus expulsos pela Inquisição espanhola em 1492) vindos do Egito e palestinos. Já cantou em grupo de salsa, participou de banda tecno-étnica (Transglobal Underground), mas voltou às raízes. Esse CD traz influências de música árabe, tradição indiana e flamenco.
Lokua Kanza nasceu em Kinshasa, onde cantou no coral de uma igreja católica. Ao mesmo tempo, ouvia música brasileira: "Elis Regina, Milton Nascimento, Djavan, Caetano, Gilberto Gil, Baden Powell", contou.
Seus novos CDs, embora acessíveis aos mais variados ouvidos, impressionam pela identidade e pelo sincretismo de influências que conseguem preservar. Mas não são balaios-de-gatos. As influências estão ali, mas coerentes com a carreira dos artistas.


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