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Festivais trazem vanguarda ao país
France Presse
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O DJ Ricardo Villalobos, que vai estar no Sónar, em setembro |
THIAGO NEY
DA REDAÇÃO
Se o assunto é direito autoral,
sampler, uso indevido de canções, ninguém mais apropriado
para entrar na conversa do que os
belgas do 2 Many DJs.
A dupla, formada pelos irmãos
David e Stephen Dewaele, teve
sua escalação confirmada à Folha
pela organização do Tim Festival,
que acontece por três dias em São
Paulo, em novembro.
Não bastasse, David e Stephen
se apresentarão por aqui também
com a "matriz", o Soulwax.
Explico: os dois formaram o
Soulwax, um grupo de rock, no
início dos anos 90. Lançaram dois
discos. Há alguns anos, se aventuraram a tocar como DJs. O "problema" é que o projeto 2 Many
DJs tornou-se muito mais conhecido do que o Soulwax.
Há uns cinco ou seis anos, a
dance music "convencional" (tecno, trance, house, drum'n'bass)
começou a perder público na Europa. Dizia-se que nada havia de
novo, tinha-se experimentado de
tudo e não havia motivação para
sair de casa e pagar uma pequena
fortuna para ouvir DJs que tocavam músicas pouco excitantes em
clubes enormes e impessoais.
Os irmãos belgas surgiram no
timing certo. Em suas apresentações, passam por seus pick-ups
rock, tecno, electro, soul, funk,
rap, punk... basicamente qualquer coisa que tenha surgido depois de Elvis. Pôde-se ouvir isso
no Tim Festival do ano passado
-sim, poucos presenciaram,
mas eles estiveram por aqui.
E com essa mistura e quebra da
convencionalidade o 2 Many DJs
exemplifica bem esses festivais e
eventos que chegam ao país neste
segundo semestre de 2004.
A tal "rota" de shows (e de apresentações de DJs) de vanguarda a
que o Brasil tenta se inserir está
bem mais perto com Sónar, Eletronika, Tim Festival e cia.
No mineiro Eletronika, estará,
por exemplo, o insano projeto
Gold Chains, "grupo" do norte-americano Topher Lafata. É música moderna, não dá para rotular
como rap ou como electro ou
rock. É tudo isso, misturado e jogado em ritmo ágil.
Ainda em agosto, São Paulo recebe a não menos inclassificável
dupla alemã Cobra Killer (duas
garotas que tocam electro com
uma energia punk) e o grupo Le
Hammond Inferno, também alemão, que lembra um pouco Stereo Total, lembra um pouco Fatboy Slim, lembra um pouco... Isso dentro do festival Hype.
Já na semana que vem (no dia
11), outro bom exemplo do que se
faz de mais atual na dance music
européia: o clube D-Edge abre as
portas para o francês Joakim, proprietário do selo/site Tigersushi.
A noite Xarope, do DJ Pareto,
receberá, no final do ano, o alemão Ata Macias, "houseiro" e sócio do importante selo Klang
Elektronic, da dupla-sensação Alter Ego, do hit "Rocker".
No próximo dia 14, o embaralhamento entre música eletrônica, rap e rock ganha casa nova
com o Intersection SP Music Fest,
num galpão em Pinheiros. Estarão ali, entre outros, o DJ inglês
Vigi (breakbeat) e a banda paulistana Cansei de Ser Sexy.
Maior, o Sónar é um festival que
se impõe sobre os outros. Está
longe de ser um evento não-comercial (é bancado pela gigante
Nokia), mas será ali, em setembro, que se apresentarão gente como Akufen, Beans, Kid Koala,
LCD Soundsystem, Liars, Chicks
on Speed, Metro Area, Ricardo
Villalobos... Todas atrações tentadoras em qualquer festival do planeta, todas imperdíveis.
Há ainda o F.I.L.E. e o Resfest,
eventos voltados para as artes digitais, mas que terão gente da música. E antes que acabe: em dezembro, Marc Almond e DJ Hell.
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