São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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Festivais trazem vanguarda ao país

France Presse
O DJ Ricardo Villalobos, que vai estar no Sónar, em setembro


THIAGO NEY
DA REDAÇÃO

Se o assunto é direito autoral, sampler, uso indevido de canções, ninguém mais apropriado para entrar na conversa do que os belgas do 2 Many DJs.
A dupla, formada pelos irmãos David e Stephen Dewaele, teve sua escalação confirmada à Folha pela organização do Tim Festival, que acontece por três dias em São Paulo, em novembro.
Não bastasse, David e Stephen se apresentarão por aqui também com a "matriz", o Soulwax.
Explico: os dois formaram o Soulwax, um grupo de rock, no início dos anos 90. Lançaram dois discos. Há alguns anos, se aventuraram a tocar como DJs. O "problema" é que o projeto 2 Many DJs tornou-se muito mais conhecido do que o Soulwax.
Há uns cinco ou seis anos, a dance music "convencional" (tecno, trance, house, drum'n'bass) começou a perder público na Europa. Dizia-se que nada havia de novo, tinha-se experimentado de tudo e não havia motivação para sair de casa e pagar uma pequena fortuna para ouvir DJs que tocavam músicas pouco excitantes em clubes enormes e impessoais.
Os irmãos belgas surgiram no timing certo. Em suas apresentações, passam por seus pick-ups rock, tecno, electro, soul, funk, rap, punk... basicamente qualquer coisa que tenha surgido depois de Elvis. Pôde-se ouvir isso no Tim Festival do ano passado -sim, poucos presenciaram, mas eles estiveram por aqui.
E com essa mistura e quebra da convencionalidade o 2 Many DJs exemplifica bem esses festivais e eventos que chegam ao país neste segundo semestre de 2004.
A tal "rota" de shows (e de apresentações de DJs) de vanguarda a que o Brasil tenta se inserir está bem mais perto com Sónar, Eletronika, Tim Festival e cia.
No mineiro Eletronika, estará, por exemplo, o insano projeto Gold Chains, "grupo" do norte-americano Topher Lafata. É música moderna, não dá para rotular como rap ou como electro ou rock. É tudo isso, misturado e jogado em ritmo ágil.
Ainda em agosto, São Paulo recebe a não menos inclassificável dupla alemã Cobra Killer (duas garotas que tocam electro com uma energia punk) e o grupo Le Hammond Inferno, também alemão, que lembra um pouco Stereo Total, lembra um pouco Fatboy Slim, lembra um pouco... Isso dentro do festival Hype.
Já na semana que vem (no dia 11), outro bom exemplo do que se faz de mais atual na dance music européia: o clube D-Edge abre as portas para o francês Joakim, proprietário do selo/site Tigersushi.
A noite Xarope, do DJ Pareto, receberá, no final do ano, o alemão Ata Macias, "houseiro" e sócio do importante selo Klang Elektronic, da dupla-sensação Alter Ego, do hit "Rocker".
No próximo dia 14, o embaralhamento entre música eletrônica, rap e rock ganha casa nova com o Intersection SP Music Fest, num galpão em Pinheiros. Estarão ali, entre outros, o DJ inglês Vigi (breakbeat) e a banda paulistana Cansei de Ser Sexy.
Maior, o Sónar é um festival que se impõe sobre os outros. Está longe de ser um evento não-comercial (é bancado pela gigante Nokia), mas será ali, em setembro, que se apresentarão gente como Akufen, Beans, Kid Koala, LCD Soundsystem, Liars, Chicks on Speed, Metro Area, Ricardo Villalobos... Todas atrações tentadoras em qualquer festival do planeta, todas imperdíveis.
Há ainda o F.I.L.E. e o Resfest, eventos voltados para as artes digitais, mas que terão gente da música. E antes que acabe: em dezembro, Marc Almond e DJ Hell.


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