São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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SHOW

Vusi Mahlasela e Ray Lema são destaques do Philips Music World Festival

Evento apresenta música cosmopolita e "híbrida"

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Um guitarrista de origem vietnamita, nascido na França, recria a música de Jimi Hendrix. Um africano do Gâmbia dedilha seu kora (instrumento africano de cordas) ao lado de um baterista dos Estados Unidos. Encontros musicais típicos de um mundo globalizado serão a principal marca do Philips Music World Festival, que vai acontecer em setembro em Recife (dia 25/9, no Marco Zero), em São Paulo (29 e 30/9, no DirecTV Music Hall) e no Rio de Janeiro (de 29/9 a 1.º/10, na Marina da Glória).
Artistas de prestígio na cena da chamada world music, como o cantor sul-africano Vusi Mahlasela, o pianista Ray Lema (da República do Congo), o cantor Manecas Costa (de Guiné Bissau) e o músico Foday Musa Suso (Gâmbia), farão parte do elenco, que também destaca o guitarrista francês Nguyên Lê, o baterista Jack DeJohnette e a saxofonista canadense Jane Bunnett, nomes de expressão no jazz mundial.
"Não se trata de um festival de música étnica, nem de música de raiz", afirma o produtor Toy Lima, mencionando o duo de Musa Suso, virtuose do kora, com DeJohnette. "Eles não tocam música africana, mas sim uma música híbrida criada por ambos, que pode passar até por Gershwin", avisa.
Para o idealizador do Philips Music World Festival, o músico que melhor sintetiza o espírito do evento é Ray Lema. "Ele foi expatriado pela ditadura do antigo Zaire. Ao se radicar na França, no início dos anos 80, passou a trabalhar com músicos de diferentes países, como as Vozes Búlgaras ou o alemão Joachim Kühn", argumenta.
"Será um festival de música híbrida, criada em diferentes capitais cosmopolitas, como Paris, Barcelona ou Johannesburgo, que funcionam como ímãs para os músicos", explica Lima. "O advento da internet, com o MP3 e a troca de arquivos, fez com que esses músicos pudessem se conhecer mais facilmente".
Outro destaque do festival é Vusi Mahlasela, cuja canção "When You Come Back" se tornou hino da luta contra o apartheid na África do Sul. "Ele tem uma das vozes mais bonitas do mundo. Canta como um pássaro", diz Lima, parafraseando a escritora sul-africana Nadine Gordimer.
Mas além do conteúdo marcadamente social presente em algumas atrações, o evento também terá seu lado dançante, de modo especial nas apresentações do cantor Manecas Costa e da banda cubana Los Jubilados, com o sax de Jane Bunnett. "O festival faz parte da comemoração de 80 anos da Philips no Brasil, empresa que tem tradição de envolvimento com a música. Queremos que as pessoas dancem e se divirtam", diz o produtor.
A abertura do evento, que acontecerá ao ar livre na capital pernambucana, promete para o público cerca de 10 horas de programação musical gratuita.
Além das atrações internacionais, que poderão contar com convidados brasileiros, o sanfoneiro paraibano Sivuca comandará a primeira audição de sua sinfonia com a Orquestra Sinfônica do Recife.


Carlos Calado é autor de "O Jazz Como Espetáculo" e "Jazz Ao Vivo", entre outros livros


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