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Exposição adianta o futuro das metrópoles
"Global Cities", na Tate Modern, enfoca o crescimento dos centros urbanos
SP é uma das dez cidades abordadas na exposição londrina; curadora coloca localidade brasileira "no topo" das suas favoritas
Divulgação
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Vista aérea do leste de Londres, uma das dez metrópoles que são tema de "Global Cities" |
ALEXANDRE XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM
LONDRES
2006 foi o último ano bucólico da história da civilização humana. A partir de 2007, mais da
metade do planeta passará a viver em centros urbanos.
É um ano que marca uma
mudança simbólica, mas que
também levanta um dilema
concreto: é sustentável para o
planeta a aglomeração cada vez
maior de pessoas nas cidades?
Na exposição "Global Cities",
em cartaz na galeria Tate Modern, em Londres, até o dia 27,
o dilema é dissecado sob as
perspectivas da diversidade,
densidade, forma, velocidade e
tamanho. A exposição tem dados geográficos e socioeconômicos recolhidos pela London
School of Economics sobre dez
metrópoles do planeta: São
Paulo, Mumbai, Londres, Cidade do México, Shangai, Tóquio,
Johannesburgo, Los Angeles,
Cairo e Istambul.
"Global Cities" é impactante.
Transforma números frios em
gigantescas maquetes de madeira, painéis iconográficos e
outras instalações grandiosas.
O visitante lê num painel, por
exemplo, que Mumbai vai ultrapassar Tóquio e se tornar a
maior cidade do mundo, com
cerca de 40 milhões da habitantes, em 2050.
A informação está ao lado de
uma foto panorâmica que mostra o atual gigantismo da mais
rica metrópole indiana. A dois
metros dali, outra foto revela o
banheiro de uma creche que
não possui sistema de esgoto,
como grande parte da cidade.
São Paulo
Logo ao lado de Mumbai, no
saguão térreo da Tate Modern,
está São Paulo. Duas cidades de
países em desenvolvimento
com problemas estruturais parecidos. Hoje, a Grande São
Paulo ainda é maior que Mumbai (são 18.857 milhões de habitantes contra 15 milhões), mas
cresce a um ritmo mais lento.
Enquanto a maior cidade da
Índia recebe cerca de 42 habitantes por hora, a maior cidade
brasileira cresce a uma taxa
média de 25 pessoas por hora.
Há mais números preocupantes do que alentadores na
exposição. Mas Sarah Ichioka,
uma das curadoras da "Global
Cities", não acredita que as cidades irão entrar em colapso.
"Na época da primeira revolução industrial, as maiores cidades do planeta atravessaram
momentos caóticos e conseguiram superar seus problemas",
disse ela à Folha.
Além dos números bem encaixados, a exposição tem ainda instalações de videoarte e
fotos impressas em tamanho
de pôster, para dar a medida do
gigantismo das metrópoles.
Das que retratam a realidade
paulistana, a foto do Copan
capturada pelo fotógrafo alemão Andreas Gursky é a que
ganhou mais destaque na exibição. A mais relevante é, porém, a imagem da desigualdade
social brasileira, em foto aérea
de Tuca Vieira, da Folha, que
mostra a favela de Paraisópolis
e um prédio de luxo do Morumbi separados por um muro.
Futuro
Segundo a ONU, 75% do planeta vai morar em centros urbanos em 2050. Mas, se um em
cada três cidadãos no mundo já
vive em favelas (e se ainda levarmos em conta o aquecimento global e a necessidade do desenvolvimento sustentável), o
fato de mais e mais gente estar
vivendo nas cidades não é um
problema a ser combatido?
Ichioka responde que "não
necessariamente, mas as cidades têm de superar seus desafios, têm de agir logo para achar
uma maneira de proporcionar
acesso à água, transporte, esgoto e fazer com que seus cidadãos possam, acima de tudo, viver com dignidade".
A cidade perfeita para a curadora seria uma que facilitasse o
convívio social e que dispensasse o uso de carro. "São Paulo,
por exemplo, é uma cidade que
está no topo da lista das cidades
nas quais eu moraria. Acho um
lugar fascinante, vibrante, que
tem diversas etnias misturadas, tem uma vida cultural intensa. Soa-me estranho quando
os paulistanos dizem que
odeiam a cidade...", afirma a
norte-americana Ichioka, que
hoje mora em Londres.
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