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Crítica/show
Grupo mira nos detalhes em show sem excessos
DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK
Os fãs permanecem quase imóveis, não há conversa de lado; olhos e
ouvidos estão focados no palco.
Em show do National, cada
acorde de guitarra, qualquer
detalhe vocal, tudo assume importância definitiva. É música
feita de minúcias; nada está ali
por acaso.
Banda norte-americana surgida há pouco menos de dez
anos, o National tem no vocalista Matt Berninger seu ponto
de referência. A Folha assistiu
a dois shows do grupo: no ciclo
Summer Stage, no Central
Park, em Nova York, anteontem; no domingo, eles tocaram
em um dos palcos do Lollapalooza, em Chicago.
Na verdade, a referência não
é Berninger, mas sua voz grave
e profunda. Ele não é um showman; pelo contrário -tímido,
quando fala com o público é para agradecer a presença de tanta gente (ambos os palcos receberam grande público).
Se na entrevista feita pouco
antes do segundo show Berninger parecia o cara mais feliz do
mundo ao lado da mulher, no
palco o vocalista exala uma
tensão perturbadora, em movimentos que lembram um Ian
Curtis menos performático.
Se a voz de Berninger vai na
direção de Nick Cave e de Tom
Waits, a banda remete a
Smiths, Tindersticks e Joy Division, com guitarras bem delineadas e um clima nada festivo.
As canções tratam de temas
como envelhecimento, deslocamento, arrependimento.
Não há espaço para farras, excessos, hedonismos (não que
essas coisas não sejam legais
em bandas de rock, mas o National busca outras sensações).
Os shows são baseados nas
faixas do disco mais recente,
"Boxer", e no anterior, "Alligator". Duas faixas desses álbuns
sintetizam o espírito do grupo:
respectivamente, "Mistaken
for Strangers" e "Baby, We'll Be
Fine". Sublime é pouco.
(TN)
Avaliação: ótimo
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