|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DA RUA
Eterno retorno
FERNANDO BONASSI
É provável que você lembre. Você lembra? Ainda não,
eu acho, mas vai lembrar. Faz
tempo. Eu sou muito antigo.
Sou muito antigo e esquisito
como essas músicas que a
gente começa a cantar sem
saber de onde. Parecido com
a imaginação de uma coisa
que não se conhece. Um cheiro do passado que se abre numa gaveta enferrujada. Você
deve ter uns bilhetes. Talvez
umas peças de roupa que você sabe ser de "alguém da família". Devo aparecer numas
dessas fotografias. Elas não
eram muito boas, naquela
época. As cores andam se
perdendo. Andam ficando
cheias de rastros alaranjados.
Você deve ter esquecido. Mas
não tem problema. Eu estou
voltando. Agora, desse jeito,
com essa cara, eu nunca estive desses lados. Estou chegando. Vigie suas costas.
Texto Anterior: Monica Bergamo: Guerra dos sexos Próximo Texto: Teatro: Diaz não filia seu "Rei da Vela" ao de Zé Celso Índice
|